quinta-feira, novembro 05, 2015

PPC (Processo Pafioso em Curso)

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Desde o famoso discurso do general Vasco Gonçalves em Almada que o país não ouvia um discurso em que os preconceitos ideológicos se sobrepunham ás regras da democracia, a defesa da  NATO, da União Europeia, do Tratado de Estabilidade e até da União Bancária são valores que se sobrepõem aos da democracia e à Constituição. Quem não faz prova das suas crenças naqueles quatro tratados perder os seus direitos políticos e para eles a cidadania política é limitada. O discurso tem vindo a perder força à medida que se percebe que há muita esquerda para além dos ódios de Cavaco Silva e aquilo a que estamos assistindo é ao equivalente do PREC, é um PPC, por coincidência as siglas do guru que conseguiu unificar a direita, desde Manuela Ferreira Leite às Ilhas Selvagens,  e que quer dizer Processo Pafioso em Curso.
  
Ontem diziam que iam adoptar medidas do programa do PS, até tinham mandado a comunicação social publicar que cediam no calendário da reposição dos vencimentos e da eliminação da sobretaxa. Agora dão o dito por não dito e mesmo sem poderes para o fazer e ainda antes de se conhecer o seu programa de governo, tentam forçar a maioria parlamentar a obedecer à austeridade extrema, mesmo  depois de acabarem estas duas semanas de paranóia governamental O mesmo Passos que dizer ser o que faltava governar com o programa do PS quer agora que uma maioria parlamentar governe condicionado pelo extremismo ideológico da minoria.
  
O que tem a dizer o tal senhor de que dizem ser muito institucionalista, que é o vidente encarregado de ler os verdadeiros interesses nacionais nas cascas das conquilhas (vulgo cadelinhas) servidas no palácio e que quando o PS dispunha de maioria absoluta devolvia diplomas ao parlamento para que fossem aprovados por consensos alargados? É óbvio que para Cavaco entre um governo de esquerda e a instabilidade é preferível a segunda, vai ficar em silêncio. Só os ingénuos acreditam que Cavaco é alheio a esta manobra do governo fantoche.
  
Como se explica que o governo se recuse a cumprir junto de Bruxelas com as suas obrigação em matéria de comunicação de dados orçamentais e agora, ainda antes de se saber se vai ser ele a elaborar o OE decide avançar com as mais importantes decisões orçamentais para 2016? A resposta é simples, a direita enveredou pelo golpismo e usa a possibilidade de formar um governo de faz de conta para lançar a instabilidade. O último argumento da direita é  Apocalipse e isso significa provocar a bancarrota.
  
O Observado reparou que havia uma agência de notação que ainda não classifica a dívida portuguesa de lizo e é essa notação que tem permitido ao BCE intervir para que o país tenha acesso aos mercados. Os radicais daquele jornal lançado pelo Compromisso Portugal para ajudar a direita anda a lançar dúvidas sobre a reacção dos mercados desde que perceberam que a direita não tinha condições para governar, festejam cada subida das taxas de juro e agora apostam tudo na crise.
  
Com a agência de notação a avisar que poderia descer a notação o governo teve a brilhante ideia de propor medidas de austeridade, a esperança é que um chumbo no paramento desencadeie a desconfiança nos mercados e mesmo uma descida na notação da dívida portuguesa. A direita aposta tudo na instabilidade e na bancarrota, Passos Coelho ainda sonha com o poder absoluto para poder governar sem limites e desrespeitando a Constituição.  Não é a primeira vez que por esse mundo fora a direita se transforma em golpista e faz uso da desestabilização económica para ter o poder.
 
Passos Coelho e Cavaco Silva decidiram brincar com o fogo e fazem tudo para colocar o país à beira do precipício.