domingo, novembro 08, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Álvaro Beleza

É contra um governo de esquerda, algo que defendia há um ano, agora critica António Costa porque o governo não integra ministros do PCP e do BE, mais um pouco e vai sugerir Jerónimo para ministro da Defesa, Louçã para ministro das Finanças e Mário Nogueira para ministro da Educação. Haja seriedade e coerência.

«O dirigente socialista Álvaro Beleza considerou hoje frágil e instável a solução de um Governo do PS, com PCP e Bloco de Esquerda ausentes do executivo, e defendeu um referendo aberto a simpatizantes do partido.

Álvaro Beleza falava à entrada para a Comissão Nacional do PS, que vai apreciar a proposta de programa de Governo socialista, suportado no parlamento pelo PCP, Bloco de Esquerda e "Os Verdes".

"Só se garante a estabilidade com todos os partidos no Governo. Não há coligações nos regimes parlamentares da Europa sem os partidos que suportam o Governo nesse mesmo executivo", declarou Álvaro Beleza, antes de vincar que o PCP nos últimos 40 anos e o Bloco de Esquerda nos últimos 15 anos "fizeram do PS o seu inimigo principal".» [DN]

 A PIDE e o que temos hoje

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Nos tempos da PIDE (que antes se tinha chamado PVDE e depois chamou-se DGS) cabia a esta polícia a defesa do regime político. Com a extinção da PIDE e a criação do Ministério Público cabe a este a defesa da legitimidade democrática, um princípio que diz muito sobre a ingenuidade dos que acreditaram que uma entidade corporativa com poderes policiais teria valores mais democráticos do que uma polícia política.

A PIDE era uma polícia política que recorria à tortura, que não hesitava em bater nos presos políticos frentes aos juízes dos tribunais plenários, os condenados não sabiam quando seriam libertados porque ficavam sujeitos às chamadas medidas de excepção que se podiam prolongar por anos. Mas por pudor do ditador ou porque um regime que tentava sobreviver rodeado de democracias a polícia política respeitava alguns limites ditos morais.

Ainda que tenha acontecido algumas vezes não era frequente o recurso à difamação para destruir moralmente os opositores políticos. Aconteceu algumas vezes, como a acusação a Mário Soares de que tinha queimado uma bandeira portuguesa em Londres, mas não era uma forma de tortura instituída. Hoje assistimos a isso diariamente e com uma facilidade que o regime não tinha, hoje há jornais disponíveis para fazer todos os jogos sujos encomendados pelas polícias.

Naquele tempo os tribunais plenários eram um simulacro de justiça, mas tinham a vantagem de não enganar ninguém. Hoje os juízes dos tribunais plenários foram substituídos por jornalistas com curso de verdugo, que humilham, condenam, ofendem e quando alguém os critica ainda reagem como virgens abusadas. Se dantes haviam juízes do plenário sem dignidade hoje também temos juízes de instrução que quando a polícia diz mata eles acrescentam esfola, em vez de velarem pela defesa dos direitos constitucionais optam por se colocar no papel de acusadores.

Dantes os jornalistas eram defensores dos direitos individuais, desconfiavam das polícias e defendiam os valores da liberdade, hoje são instrumentos de difamação, de destruição, são pagos para acenderem as fogueiras do Santo Ofício. Com estes magistrados, com o poder da máquina fiscal e com estes jornalistas a ditadura ainda estaria no poder. 

 Dúvida

Como é que em tão poucas horas e no meio de dezenas de milhares de páginas e de gravações do processo de perseguição a José Sócrates os jornalistas conseguiram dar logo com tantos petiscos de interesse para manipular a opinião pública? Será que quem acede aos processos não só os recebe totalmente digitalizados como ainda conta com ferramentas de busca que os ajuda a encontrar as matérias de maior interesse para a calhandrice jornalística? Acredito que sim pois nem me passa pela cabeça que o juiz, o procurador ou o inspector estejam a sugerir aos jornalistas violadores do segredo de justiça as partes mais interessantes do processo, até porque se queixam de falta de tempo para a investigação.

   
   
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