segunda-feira, novembro 09, 2015

O governo que se entregou a Deus

 photo nossa-senhora_zps992766c9.jpg

  Desde que Pedro Passos Coelho deixou de se conseguir separar do crucifixo que um responsável de uma instituição social lhe ofereceu durante a campanha eleitoral que a sua trajectória politica ficou entregue a Deus, da mesma forma que quando em plena campanha um jornalista lhe perguntou se tinha fé nos resultados tirou o crucifixo do bolso e mostrou ao jornalista como se fosse um padre espanhol a evangelizar os astecas, é provável que quando Jerónimo de Sousa tomar a palavra o ainda primeiro-ministro volte a exibir o seu crucifixo enquanto grita vade retro Santanás!
  
Este tem sido um governo profundamente religioso e da mesma forma que sempre se inspirou em Deus também vai entregar-se a Deus no momento da sus demissão. Desde os tempos do salazarismo que não se ouvia falar tanto da presença divina na acção governativa, o ministro da Economia chegou mesmo a destronar a santinha da Ladeira, mal chegou ao governo, depois de terem despachado o pobre do Sôr Álvaro Santos Pereira, começou a decretar milagres por todos os cantos da economia. Aliado estratégico do Governo Cavaco converteu-se e até a foi a esposa que foi informada em primeira mão que Portugal teria uma saída limpinha.
  
Um dia destes Calvão da Silva vai justificar a sua breve passagem pelo governo como um gesto de generosidade cristã, aceitou vira a São Bento em solidariedade com Passos Coelho que vítima da fúria demoníaca dos comunistas se entregou a Deus. Porque apesar da grande vitória eleitoral Deus de ez em quando é um maroto e quando se esperava que os comunistas já estivessem a arder no inferno eis que aparecem para pôr Passos Coelho à prova. Tal como as leis de Deus, também as leis da democracia as vezes se escreve por maiorias tortas.
  
Aquilo a que o país vai assistir não deverá ser um debate parlamentar, para a Assunção Cristas, a senhora que se inspirou em Jesus o debate parlamentar ser uma via sacra, uma provação que os governantes terão de enfrentar, uma última avaliação para que mereçam um lugar no céu. 
  
Aquilo a que se vai assistir não é um debate parlamentar mas sim uma Missa exequial, a missa realizada aquando do funeral e que nos termos das regras da Igreja “dita a oração depois da Comunhão e omitido o rito de conclusão, segue-se o rito da última encomendação ou da despedida, que só terá lugar se está presente o cadáver”. Isto é, hoje temos a homilia e as leituras, amanhã assistiremos ao final do enterro com a última recomendação ou despedida.

Não faltarão as carpideiras, desde o pessoal do Observador aos sócios e jornalistas do grupo Impresa, da Associação das Empresas Familiares ao cardeal, todos chorarão baba e ranho, todos dirão que partem os bons e ficam os maus, que no seu lugar deveria estar o outro que lhe roubou a “vida, que lhe usurpou o lugar. Depois de amanhã será uma nova era e ainda o defunto está meio quente e já assistiremos à disputa do seu património e não faltarão os que hoje choram e amanhã lhe vão querer o lugar.