Passos Coelho e a sua seita treinaram-se nas associações de estudantes e nos seus primeiros meses de liderança do PSD comportou-se como se o país fosse uma escola secundária. Durante os quatro anos de governo lá foi adquirindo uma pose de Estado mas parece que as eleições o fizeram regressar aos tiques de líder estudantil.
A estratégia de Passos Coelho era clara ficar no governo para escolher o melhor momento para convocar eleições antecipadas. Entretanto o PS entraria em crise e apresentar-se-ia às eleições com um líder fraco como o Assis ou o Beleza e teríamos nova maioria absoluta da direita. Não admira que a primeira reacção às posições do PS tenham sido acusações de que António Costa tentava salvar-se. A direita reagia como miúdos a brincar aos cowboys, berraram a Costa “fica no chão a fazer de morto porque nós já te matamos!”
O argumento da direita faz lembrar as mil receitas para fazer bacalhau, isto é, apresentam as contas das mais diversas formas para tentar iludir o óbvio, a direita tem uma minoria no parlamento e se a esquerda estiver unida aquilo a que designou uma vitória foi uma derrota. E a melhor forma de dizer o contrário não é mandar o homem da CAP para Belém pois nems as famosas mocas de Rio Maior serão de grande utilidade nos tempos que correm.
Isto é um país, tem empresas, tem instituições, tem uma Constituição. Isto não é uma associação de estudantes onde por golpes dem mágica se alteram as regas eleitorais para ser repetirem eleições todas as semanas até que o rapazola engraçado consiga ganhar. Passos Coelho poderá candidatar-se em eleições antecipadas se elas se vierem a realizar e quando isso suceder ou, como eu espero, terá de esperar pelo fim da legislatura.
A verdade é que eles dizem cobras e lagartos do PCP e do BE, asseguram que os acordos não vão ser cumpridos, que o governo é uma geringonça, mas mesmo assim parece preferir não arriscar e apostam ou na guerra civil ou num governo de gestão. Se o governo de esquerda não vai funcionar só teriam a ganhar e deixá-lo tomar posse e esperar pela desgraça.
Mas parece que essa espera pode custar a carreira política e aquilo que a direita acusou António Costa aplica-se agora a Passos Coelho e Paulo Portas, para salvarem a sua pele tem valido de tudo, começaram por tentar lançar a desconfiança nos mercados e levam isso ao extremo na esperança da agência de notação considerar a dívida portuguesa como lixo e não hesitarão em conduzir o país para um confronto interno.
Será que um primeiro-ministro incompetente e um vice cínico valem assim tanto para a direita? Duvido.