domingo, novembro 01, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Francisco Assis

É um mau começo para um candidato á liderança do PS ser o grande animador da alma de uma direita desejosa de ver o PS ao lado de políticas extremistas como a desvalorização fiscal que insiste em implementar. Nunca se viu Francisco Assis aprontar qualquer alternativa à direita, mas agora parece que está confundindo o António Costa com a Fátima Felgueiras, a autarca que permitiu a Assis tornar-se num herói graças a uma galheta mal dada, um herói que se esqueceu de pedir desculpa à autarca depois de os tribunais a terem declarado inocente.

«Francisco Assis, que não tem poupado críticas ao governo de esquerda que está a ser negociado por António Costa, revelou ao jornal Expresso que irá, nas próximas semanas, reunir-se “com militantes de várias zonas do país que discordam do rumo que está a ser seguido” pela atual liderança partidária. 

O eurodeputado, que sempre se mostrou avesso a um governo PS com o apoio do Bloco de Esquerda e PCP, diz que “ficará então claro que há uma corrente crítica e alternativa” dentro do partido – liderada por ele. As correntes dentro dos partidos, quando oficializadas, pretendem juntar pessoas com proximidade ideológica e programática, dando corpo a correntes de pensamento de onde podem sair, depois, alternativas de poder. » [Observador]

      
 O casamento é difícil, mas podem ter a certeza de que o divórcio é muitíssimo mais difícil
   
«A esquerda portuguesa prepara-se para um casamento, ou, se se quiser, para uma união de facto. Terá os seus votos de noivado no momento em que derrubar o Governo PSD-CDS e casará no dia em que um Governo do PS, com participação ou apoio do BE e do PCP, for empossado pelo Presidente e vir o seu programa aprovado pela Assembleia. O casamento poderá ter muitas fórmulas, ter ou não “papel passado”, diferentes regimes de bens, ser um casamento de necessidade com mais ou menos “amor”, juntarão ou não os “trapinhos”, mas, seja qual for a fórmula, vão selar o seu destino.

O casamento não se faz em momentos amáveis, após uma longa coabitação ou namoro, mas faz-se em circunstâncias dramáticas, com muitos a prepararem-se para deitar pedras em vez de confetis, e, queira-se ou não, contra muitos que não o desejam, e que pensam que ele não vai resultar. Mesmo nos melhores amigos dos esposos, há muito mais prudência e reserva do que confiança pura e simples. É um casamento de alto risco e tem muita coisa que o pode levar a correr mal. Mas há uma coisa que os esposos devem ter clara na sua cabeça, escrita em letras de fogo, tatuada nas mãos e nos braços, para que estejam sempre a ver, é que o divórcio será muito mais gravoso e penoso.

Há várias coisas de que todos os que abraçam esta solução de um Governo de esquerda devem saber, uma das quais é que nada contribuirá mais a favor da legitimidade da solução encontrada do que se cumprir a legislatura inteira. E, se há coisa que este Governo precisa é de um acrescento de legitimidade política, visto que legitimidade formal, tem-na. E isso só vem de governar razoavelmente, onde o óptimo é inimigo do bom, e se o fizer com durabilidade, provocará um ponto sem retorno na vida política portuguesa. Até lá, as fragilidades serão enormes e exigem de quem é parte desta solução que se atenha ao essencial, sem hesitações.

Se o esquecerem, garantem para muitas décadas que a direita governe Portugal, não de forma amável e delicodoce, como esteve neste ano eleitoral (e está agora a pensar que nos engana com Ministérios da Cultura), mas de forma vingativa e agressiva. A direita que se vai levantar das cinzas de um Governo de esquerda, caia ele pelo PS, pelo BE ou pelo PCP, falará a mesma linguagem que hoje usam Nuno Melo, Paulo Rangel e os articulistas do Observador. E, por trás dela, em formação regular e militar, estarão os anónimos comentadores, genuínos e avençados, que pululam nas redes sociais, que espumam de fúria e falam numa linguagem que torna o pior do PREC num conjunto de amabilidades. Estes anos de crise do “ajustamento” alimentaram todos os monstros e deram-lhes uma sustentação em fortes interesses, que eles sabem muito bem quanto é perigoso o que se está a passar para a hegemonia assente no autoritarismo do “não há alternativa”. De um lado sabe-se, espero que do outro também se saiba.

Qualquer queda do Governo, em particular se os motivos dessa queda estão na desunião, antes de ter tido tempo necessário para mostrar que é uma melhor solução para as pessoas e para o país do que a continuidade dos “mesmos”, penalizará fortemente toda a esquerda e não só PS, mas também o PCP e o BE. O rasto de azedume e o atirar mútuo de culpas e recriminações irão durar muitos anos e bloquearão a repetição da experiência.

É por isso que é vital compreender que esta alternativa exige uma enorme firmeza e capacidade de separar o essencial do secundário. Não se está a jogar a feijões, isto é tudo muito a sério, demasiado a sério, para ser apenas um devaneio ideológico e experimental de homenzinhos e mulherzinhas, mas é para homens e mulheres a sério. Ou então mais vale irem para a casa medíocre do Portugal submisso onde as hierarquias do poder e do dinheiro fazem o que querem, para além da lei e da ética.

Portanto, se entram numa solução deste tipo, têm que dar, neste caso ao PS, alguma margem de manobra para fazer o equilibrismo financeiro que é necessário para cumprir, sem qualquer zelo, o Tratado Orçamental, antes de haver alguma negociação que o modere. Isto exige compreender que não é a mesma coisa ser um Governo PS a fazê-lo nestas circunstâncias graves do que ser um Governo da coligação PSD-CDS. Nem para o bem, nem para o mal. Quando os salários e as pensões forem recuperados, como aliás a coligação também disse que ia fazer, para quem vê o que recebe no fim do mês aumentar, faz toda a diferença saber se isso vem de um Governo de esquerda, que lhe dirá que o faz porque isso é a reposição de um direito que foi sonegado, e que é bom para economia, ou da coligação PSD-CDS, que lhe dirá (se o fizer) que isso se deve à justeza da sua política económica e quererá dessa eventual devolução justificar outros cortes de salários ou pensões e, mais grave ainda, o corte de direitos económicos, sociais e políticos, para prosseguir a mesma política de desigualdade social. Insisto, faz toda a diferença e as pessoas sabem isso.» [Público]
   
Autor:

Pacheco Pereira.

      
 Zangam-se as comadres
   
«Paulo Silva, inspetor que lidera a equipa das Finanças que investiga em conjunto com o Ministério Público a Operação Marquês, pôs o lugar à disposição em abril na sequência de alegadas fugas de informação do processo. Segundo soube o DN, o responsável do fisco, numa informação remetida ao procurador Rosário Teixeira, no dia 29 desse mês, frisou que era fácil investigar e detetar eventuais responsáveis, já que só ele, o procurador e o juiz Carlos Alexandre tinham contacto com o processo.

Nesse documento, Paulo Silva terá solicitado que lhe fosse aberta uma investigação, de forma a dissipar as eventuais dúvidas que sobre si recaíssem. Perante tal depoimento, Carlos Alexandre, em despacho, fez questão de deixar claro que partilha as preocupações de Paulo Silva por este ter referido que apenas poderiam existir três responsáveis pelas tais fugas e também solicitou que a sua atuação fosse investigada para se verificar se ele fora ou não um dos responsáveis.» [DN]
   
Parecer:

Pela vez um inspector do fisco ganha protagonismo, será que o MP anda a reboque de um inspector do fisco e de um juiz ex-inspector do fisco?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»
  
 Imbecil António
   
«Poucas horas após a tomada de posse do governo da coligação, o porta-voz do PSD fazia um aviso claro e sonoro aos socialistas: "Se o PS se casar com o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda é para a vida!"

Em entrevista à TSF, Marco António Costa afirmou que se o novo governo vier a ser derrubado - o que deverá mesmo acontecer, dadas as moções de rejeição anunciadas pela oposição - PSD e CDS não poderão "pactuar" com um executivo do PS.

"Todos temos a noção de que se vier a ocorrer uma circunstância de ser derrubado um governo legitimamente escolhido pelos portugueses em eleições livres e democráticas e for investido ilegítimo democraticamente porque não venceu as eleições não é possível nós pactuarmos ou alimentarmos um governo nessas circunstâncias", disse.» [DN]
   
Parecer:

Este rapazola anda desesperado.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Marquito o que vai fazer com o Passos cair.»