“yo no creo en brujas pero que las hay las hay”
Durante muitos anos vivi o Dia de Reis como se fosse a segunda de mão do Natal, o recursos eram escassos, as prendas conseguiam ajeitar-se no famoso sapatinho, mas com uma mãe espanhola havia sempre um cantinho para o Dia Reis. Talvez por isso e mesmo sem militância religiosa dou alguma importância ao simbolismo do Dia de Reis, data que já era celebrada no Egipto antigo e que os romancistas da Bíblia entenderam repetir numa versão a que hoje se diria que era um upgrade.
É por estas e por outras que levo um pouco a sério a vinda dos Reis Magos, ficando na expectativa do que me trarão, porque isto das datas religiosas são ara levar a sério, mesmo por parte do agnóstico mais empedernido, não vá o diabo tecê-las, ainda que desde que o Diabo mora em Massamá mete cada vez menos medo
Como ensina o ditado espanhol “que las hay, las hay”, é por isso que meio mundo andou mijadinho até ao dia 1 do século XXI, a começar pelo pessoal da informática, por mais firmes que sejamos nas nossas convicções ainda damos uma olhadela às premonições do Nostradamus e há mesmo quem compre o Borda d’Água. Não há nada como estarmos de bem com Deus e com o Diabo, neste caso com um Diabos de quem não conhecemos a marca dos sapatos, mas que mora em Massamá.
É evidente que o Diabo de Massamá é bem menos certeiro do que o Nostradamus e desde as suas famosas previsões para Setembro o seu culto está limitado aos mais militantes, uma espécie de devotos da famosa Santinha da Ladeira. Mas o homem previu que vinha aí qualquer coisa sob a forma de prenda de Reis e se do Melchior ou do Baltazar nada se espera, ninguém nos garante que o Gaspar não se lembre a pegar outra vez no camelo e vir atrás de alguma estrela com mais um dos seus desvios colossais.
Já podemos comer bolo-rei mais descansados, estamos certos de eu nenhum primeiro-ministro se lembra de lançar um imposto sobre a metade do bolo que ainda está por comer com a desculpa de que foi unja ordem da Troika. Também já não corremos o risco de comer a fava, não só é proibido meter favas no bolo, como nos últimos anos os portugueses se fartaram de as comer, mais parecendo o burro do presépio.
Mas enquanto o Diabo de Massamá andar por aí fazendo previsões o melhor é acreditar em bruxas. Até agora nada sucedeu ao país, aqui fica o desejo para que nada de maus suceda até ao fim da temporada de Festas, que o Dia de eis se complete sem prendas inesperadas, e que em matéria de camelos nos fiquemos pelos do Jardim Zoológico. Bom resto de Dia de Reis em descanso e livres de prendas do Diabo de Massamá.