Quando Passos pensou utilizar a TSU para promover a desvalorização fiscal dos trabalhadores do sector privado, promovendo assim a desvalorização de todos os salário, processo já concluído no Estado com cortes na ordem dos 30%, o líder do PSD não ficou incomodado por utilizar as contribuições sociais para promover transferências de rendimento, reduzindo salários ao mesmo tempo que aumentava os lucros.
Agora que uma alteração da TSU teria como resultado um aumento quase miserável do salário mínimo, já Passos Coelho se lembrou que os aumentos de salários devem estar em linha com aumentos de produtividade. Aquele que nada fez para combater a evasão contributiva, ele próprio deu um exemplo de cidadão incumpridor em matéria de descontos para a Segurança Social, está agora muito preocupado com as receitas do sistema.
Passos parece só ser contra alterações da TSU se destas resultarem benefícios para os trabalhadores e mesmo quando há algum consenso com os patrões neste capítulo ele está contra. O argumento da relação entre salários e produtividade é falso, quando defendeu aquilo a que designou por “ajustamento” dos sectores público e privado não estabelece qualquer relação entre produtividade e cortes salariais, pretendia apenas uma redução brutal dos salários.
É este o Passos Coelho a quem Catarina Martins dá as boas-vindas às posições justas, o Passos Coelho que enche a líder do BE de felicidade é aquele que é contra qualquer aumento salarial, que só se opõe a alterações da TSU que se traduzam em aumentos salariais e que enquanto trabalhador deu o seu contributo pessoal para a falência da Segurança Social.
Compreendo que o BE dê mais importância aos resultados do que às motivações ideológicas e que considere que todo e qualquer apoio às suas posições é bem-vindo, mas a verdade é que quando Passos Coelho está em dificuldades e recorre a uma estratégia de pura guerrilha, fá-lo com o apoio do BE, do PCP e até da CGTP. Já conseguiu esta aliança na questão da CGD e vai consegui-lo novamente na TSU.