Parece que o CDS não é contra uma redução da TSU que compense o correspondente aumento do salário mínimo, só que em vez de se contabilizar o custo dessa redução no orçamento da Segurança Social defende que deve ser contabilizado como despesa do Orçamento de Estado. Isto é, em vez de se tratar de uma medida no âmbito da Segurança Social passa a ser um subsídio do Estado.
A ideia é peregrina e permite a Assunção Cristas ficar bem com Deus e com o Diabo, os trabalhadores ficam contentes, os patrõe manifestarão a sua felicidade e Cristas será a grand líder partidária que encontrou a brilhante solução.
Só que um salário é um salário e financiar salários com dinheiro do OE equivale a um suplemento social a alguns ordenados, ou transformar em parte os trabalhadores com salários mínimos em trabalhadores do Estado. Daqui a dois ou três anos os sindicatos que hoje não assinaram o acordo com os patrões vão exigir que o Estado aumente os salários través da sua comparticipação. Até poderão defender que essa comparticipação fique indexada à inflação ou memo ao rendimento social de inserção.
Daqui a um par de anos um futuro líder do CDS defenda um corte desse suposto suplemento salarial, da mesma forma que ciclicamente sugerem o fim do rendimento mínimo. Não faltarão argumentos para o suprimir a começar pelo facto de serem os impostos dos “outros” a suportar esses aumentos salariais, nada justificando que outros trabalhadores com rendimentos baixos não beneficiem do mesmo suplemento.
De um lado a direita rompe com a sua defesa da concertação social por oposição à luta de classes, do outro prescinde do seu combate a uma série de medidas cuja eliminação sempre foi uma bandeira eleitoral. O partido que combatia as taxas e as tachinhas, aprece ser o mesmo que agora defende subsídios e subsidiozinhos.