domingo, janeiro 15, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura




 Jumento do Dia

   
Adelino Maltez

Ou o Prof. Adelino Maltez, pessoa que prezo, acha que o PSD está tão à direita como eu tenho considerado, ou essa de o novo partido liberal estar entre o PSD e o PS é para nós rirmos. Enfim, o professor de ciência política daria um péssimo professore de geometria política. Eu compreendo necessidade de um novo partido se demarcar de todos os outros e de muita gente que não sabe muito bem o que há-de ser escolha liberal e depois diga que está mais para este lado do que para aquele, ou que está no meio dos dois. Mas isso não ajuda nada a clarificar a política portuguesa.

Aqui está uma praia onde não tenciono tomar banho.

«Durante muito tempo o grande sucesso do governo de Passos Coelho foi o acordo de concertação social conseguido com o apoio do memorando, a pressão da troika e o envolvimento da presidência da República. O acordo era exibido como o grande argumento para atrair investidores e conseguir a confiança dos credores. Para Cavaco o acordo era tão bom "que alguns podem até invejar" e acrescentava que o acordo era um sinal de confiança para os investidores estrangeiros.

É uma associação, mas ainda não é um partido. Tem membros, mas ainda não tem militantes. Tem uma visão de sociedade, mas ainda não tem um manifesto final. Um grupo de liberais — sem medo de serem acusados de “papões neoliberais” — criaram em setembro a Associação Iniciativa Liberal. O objetivo final é criar um partido liberal em Portugal, ao estilo do Ciudadanos (Espanha) ou dos Lib Dems (Reino Unido). Já começou a recolha de assinaturas para a constituição de um partido que, no espectro político, estará situado ao centro (entre o PSD e PS).

Um dos co-fundadores da Iniciativa Liberal, Rodrigo Saraiva, explica ao Observador que ser um partido “depende da vontade das pessoas”, definindo atualmente o movimento como “uma startup política.” O grupo de liberais, alguns militantes da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), lançou a associação por acreditar que “a oferta política em Portugal ainda não está preenchida ao centro” e que “o facto de existirem tantos votos brancos e nulos, demonstra que os eleitores não se reveem na atual oferta política”. O grupo começou, precisamente, por trabalhar num manifesto que tem por base o Manifesto Liberal de Oxford (1947).

O apoiante da Iniciativa Liberal explica que “Portugal tem muitos liberais políticos, nomeadamente no PS e no PSD, que são bons representantes do liberalismo político”, mas não há partidos que consigam “conciliar liberalismo político, económico e social.” Adelino Maltez recorda que, em Espanha, “surgiu o Ciudadanos, que conseguiu uma vice-presidência do ALDE”. Em Portugal é difícil repetir a experiência.

(...)

Qualquer movimento político, se quiser ter força, tem de ser partido. Em Portugal é muito difícil. É preciso surgir um partido à esquerda do PPE e do PSD, mas à direita do PS”, avança Adelino Maltez.

O politólogo diz que nem sabe “dizer se o mais liberal é Passos, se é Costa, que é herdeiro do partido com mais liberais políticos”. Quanto ao partido que poderá surgir da Iniciativa Liberal, Adelino Maltez explica que seria “claramente à direita de Costa e à esquerda de Passos Coelho”.» [Observador]

 Dúvidas que me atormentam

Pode um cidadão confiar em Paulo Macedo à frente de uma instituição que gere milhões depois das dúvidas que sobre ele são lançadas no âmbito das investigações no sector da saúde? Que garantias tem o governo sobre a honorabilidade do senhor? Uma oisa é atribuir-lhe um curriculo como gestor que não tem, outra é confiar-lhe os milhões da CGD ao mesmo tempo que lhe são dirigidas acusações que porem em causa a sua honorabilidade.

 As notícias do fisco

O secretário de Estado dos Assuntos fiscais está de parabéns, durante dois dias a notícia foram as tabelas de retenção na fonte, algos que do ponto vista fiscal é tão importante como a data de início da entrega de declarações de IRS. Agora ficamos a aguardar que ele seja notícia por sucessos no combate à evasão fiscal pois é para isso que ele é secretário de Estado.


 Paulo Macedo e os salpicos da Máfia do Sangue
   
«Neste momento já só resta uma solução para a Caixa Geral de Depósitos: contratar um exorcista. Após o sulfuroso folhetim de António Domingues, eis que no mesmo mês em que é suposto Paulo Macedo tomar finalmente conta da Caixa vem o antigo presidente do INEM Paulo Campos acusar o antigo ministro da Saúde de lhe ter dado ordens, em Maio de 2014, para integrar e promover a irmã de Paulo Lalanda e Castro no instituto a que presidia. São acusações graves, feitas de viva voz numa entrevista à TVI, que Paulo Macedo já desmentiu em comunicado. Paulo Campos afirma ter anotações em formato digital, tomadas na reunião de 2014, que comprovam o que diz, e que entregou à PJ para que perícias informáticas possam confirmar a data do registo.

Há mais. O Correio da Manhã de ontem diz ter uma segunda fonte, descrita apenas como “conhecedora do processo”, que confirma o pedido de reintegração no INEM de Helena Lalanda e Castro. Essa fonte afirma, contudo, que as intenções de Macedo eram, nas palavras do jornal, “as melhores”. O objectivo do ministro seria retirá-la da Administração de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, onde estava a trabalhar com Luís Cunha Ribeiro, actualmente em prisão preventiva por graves suspeitas de corrupção no caso Máfia do Sangue. Existem ainda escutas efectuadas no âmbito da Operação Marquês onde José Sócrates diz a Paulo Lalanda e Castro que lhe havia sido “assegurada a colocação de uma pessoa de confiança num lugar estratégico” do INEM, presidido por Paulo Campos. Quem “assegurou” tal coisa? Paulo Campos não será: em Março de 2015, a imprensa noticiou a sua recusa em almoçar com José Sócrates quando este trabalhava para a Octapharma.

Convém esclarecer que Paulo Campos, presidente do INEM, nada tem a ver com Paulo Campos, ex-secretário de Estado das Obras Públicas, a não ser nas tangentes a José Sócrates e numa certa predisposição para confusões. Paulo Campos, o do INEM, foi afastado do cargo por causa de um estranhíssimo caso de utilização de um helicóptero para transportar uma doente alegadamente sua conhecida, acabando acusado de “violação do princípio de interesse público”. Campos queixou-se, na altura, de estar a ser alvo de um “processo conduzido politicamente”, ou seja, de que o caso do helicóptero era uma mera desculpa para o afastar do INEM. Agora, nas declarações à TVI, ele foi mais longe, relacionando directamente a sua saída com a recusa em promover a irmã de Lalanda e Castro a um cargo de direcção no instituto, supõe-se que do estratégico departamento logístico. O processo disciplinar contra Campos foi aberto quando Paulo Macedo estava à frente do ministério da Saúde, mas ele foi demitido já na vigência do actual governo, em Fevereiro de 2016.

Se por esta altura o caro leitor ainda não tiver um nó nas sinapses, dou-lhe os meus sinceros parabéns. Não é fácil acompanhar este caso, o percurso de Lalanda e Castro e todas as suas ramificações, numa linha ínvia que já vai de José Sócrates a Paulo Macedo, cruzando esquerda e direita, porque quem faz negócios com o Estado não costuma ser esquisito na selecção ideológica dos seus parceiros. Debaixo de toda esta complexidade, contudo, estão acusações de grande gravidade, que todos os envolvidos deveriam fazer um genuíno esforço por esclarecer antes de Macedo entrar na Caixa Geral de Depósitos. A Caixa já tem preocupações que chegue, e dispensa com certeza vir a ser atingida pelos salpicos da Máfia do Sangue.» [Público]
   
Autor:

João Miguel Tavares.

      
 tapem-me a boca porque não posso falar
   
«O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) abriu um processo disciplinar a Jorge Jesus por “incumprimento da medida de suspensão de atividades”. Na origem do castigo está o facto do treinador do Sporting ter ido à conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Feirense (que o Sporting venceu por 2-1, no último domingo) numa altura em que ainda estava suspenso preventivamente no jogo a contar para a Taça CTT em Setúbal.

O castigo de Jesus só foi conhecido dois dias após o jogo, a 10 de janeiro, mas já estava suspenso desde o momento em que foi expulso no jogo contra o Vitória de Setúbal e que afastou os leões da Taça da Liga. Jorge Jesus já não esteve no banco no jogo do campeonato frente ao Feirense.

O anúncio do processo surge depois de o Sporting ter informado, em comunicado que “não realizará qualquer tipo de atividade media da sua equipa principal de futebol profissional, para além do que está regulamentarmente estipulado, voltando a fazê-lo antes do jogo com o Club Sport Marítimo.” O Sporting acrescentou que a decisão tinha “efeitos imediatos” e que já não haveria conferência de imprensa do jogo de sábado com o Chaves.» [Observador]
   
Parecer:

Ganda manifestação!
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 Até tu Rangel?
   
«Há mais uma voz no PSD a admitir a nacionalização do Novo Banco. O eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, defende que “o PSD não devia excluir” a possibilidade de nacionalização do Novo Banco. No programa semanal da TVI24, na quinta-feira à noite, Rangel destacou, no entanto, que não seria a opção preferencial: “Como último recurso não excluiria essa possibilidade e acho que o PSD também não devia excluir“. Isto no mesmo dia em que o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro afastou por completo essa hipótese.

Foram já vários os notáveis do PSD que admitiram esta hipótese. Esta semana, o antigo secretário-geral e ex-presidente da câmara do Porto, Rui Rio, defendeu uma nacionalização temporária do Novo Banco, que acredita que custaria 750 milhões de euros, permitiria rentabilizar o banco e recuperar o valor investido (ou até ter mais-valias).» [Observador]
   
Parecer:

Um dia destes até a Maria Luís trai o caixeiro-viajante de bancos e apoia a nacionalização.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 Temos Mr. parfois
   
«O antigo ministro da Economia, António Pires de Lima, passou a integrar a administração da Parfois, anunciou esta sexta-feira a marca de vestuário e acessórios de moda para mulher. “Com o objetivo de consolidar o seu notável crescimento e processo de internacionalização, a Parfois anuncia a contratação de António Pires de Lima”, refere a empresa.

No ano passado, as vendas da Parfois cresceram 18% para 210 milhões de euros, estando a empresa presente em mais de 50 países. Pires de Lima, que foi ministro da Economia do governo PSD/CDS-PP liderado por Passos Coelho, é também administrador não executivo da Media Capital, dona da TVI, e presidente da Comissão de Auditoria, desde abril do ano passado.» [Observador]
   
Parecer:

Será qe Pires de Lima vai oferecer Parfois á esposa?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 PSD encostado à parede
   
«Em apenas 24 horas, multiplicaram-se os contactos entre Governo e os vários parceiros sociais. Com o PSD a pôr em perigo a redução da Taxa Social Única (TSU) em 1,25 pontos - forma encontrada para compensar o aumento do salário mínimo já em vigor - há uma decisão que já está tomada: CIP, CAP, CCP, CTP e UGT vão assinar na próxima sexta-feira, dia 20, com António Costa, o acordo de concertação social a que chegaram em Dezembro, incluindo a cláusula da TSU. O texto do decreto-lei vai seguir para os parceiros nas próximas horas. O objectivo: pôr pressão máxima sobre Passos Coelho, para que no final das votações previstas para a Assembleia acabe por não ser posto em causa o acordo.

Com António Costa de volta da Índia, onde esteve durante toda a semana em visita oficial, o Governo está já a estudar a legislação que estava a ser preparada, tentando encontrar uma forma de garantir que a medida passe na Assembleia - onde o PS aparenta estar sozinho, dada a posição contra do PCP e BE, assim como agora dos social-democratas. Mas, na realidade, parece haver pouco espaço para a imaginação legislativa: no Governo dizia-se ontem que o desconto na TSU para empregados com salário mínimo (paga pelas empresas) não pode ser feita por portaria e terá, assim, de passar pela Assembleia. » [Público]
   
Parecer:

Passos Coelho cometeu o pior erro desde que não ganhou maioria parlamentar para continuar a governar.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Reserve-se lugar na primeira fiola do espectáculo triste da decadência e queda de Passos Coelho.»

 3000 veados na Serra da Lousã
   
«Mais de um século e meio depois de se terem extinguido na serra da Lousã, os veados voltaram a fazer daquela região a sua casa. Hoje há por ali mais de três mil animais em estado selvagem, o que confirma "o sucesso do programa de reintrodução da espécie", afirmao biólogo Carlos Fonseca, da Unidade da Vida Selvagem (UVS) do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA), que coordenou a ação.

Iniciado em 1995, o programa de reintrodução dos veados naquela região incidiu sobretudo nos concelhos da Lousã, Figueiró dos Vinhos, Penela, Miranda do Corvo, Góis, Castanheira de Pêra e Pampilhosa da Serra e decorreu até 2004. Foram usados 120 animais provenientes da Zona de Caça Nacional da Contenda e da Tapada de Vila Viçosa.» [DN]