Se na passada sexta-feira a gastronomia portuguesa foi marcada pelo bolo-rei, ainda que os reis magos não apareceram para trazer as desejadas prendas pedidas pró Passos Coelho, miséria, uma troika e mais austeridade, nestes últimos dias da semana o prato degustado por muita gente foi sapo. A miséria de muito boa gente levou a que algumas homenagens a Mário Soares tivessem parecido mais uma ementa de sapos para o almoço. Foi ridículo ver o PCP a realçar as diferenças (esqueceram-se de esclarecer a acusação de roubo que fizeram a Mário Soares quando este abandonou o PCP), foi ainda mais ridículo ver um CDS que deve a sua existência a Mário Soares dedicar metade do comunicado a realçar as divergências, como se tivesse receio de que alguém pensasse o contrário.
Quando António Costa partiu para a Índia sabia muito bem que havia uma grande probabilidade de Mário Soares falecer durante a visita. Certamente dialogou com o PS e com a família, deixou tudo pronto para o caso de isso suceder e até terá levado gravatas pretas na mala. A decisão de António Costa foi difícil e serão poucos os que sofrerão mais do que o primeiro-ministro com a morte do seu amigo e grande apoiante. Recorde-se que Soares apoiou Costa contra Seguro e ao seu lado estiveram muitos fundadores do PS e que quando foi lançada a Gerigonça não faltaram os que pressionaram Soares para não apoiar a solução política. A intervenção disparatada de Augusto Santos Silva a explicar a decisão de António Costa foi o momento ridículo da semana.
Passos Coelho lançou com grande pompa uma Newsletter, prometia marcar a agenda política e o seu artigo na secção de notícias do site do PSD teve grande destaque na comunicação social. A importante newsletter terá nascido no dia 1 de Janeiro, estamos a 8 e não se voltou a ouvir falar do assunto. Ou a newsletter nunca mais saiu, ou Passos se esqueceu de editar um número especial no Dia de Reis, para nos contar que prendas trouxeram os reis.
Luís Campos e Cunha, o pensionista português que melhor defendeu o seu direito inalienável a uma choruda pensão do BdP, voltou a ter o seu momento de glória, na qualidade de honra da associação dos erros de casting dos governos do PS, onde é membro de destaque ao lado do Medina Carreira. De vez em quando Campos e Cunha usa do seu estatuto de ex-ministro das Finanças de um governo do PS para ser alguém e ter mais um momento de fama.
O país ficou a saber que o BdP pagou uma fortuna a um secretário de Estado do governo de Passos Coelho, para este vender o Novo Banco por um preço e com condições contratuais que nem um taberneiro aceitava. Carlos Costa está de parabéns pela escolha, até devia dar um prémio de desempenho ao seu caixeiro-viajante, fez por merecê-lo.