Jerónimo de Sousa foi aos Jerónimos
Depois de um comunicado lacónico sobre a morte de Mário Soares parece que o PCP decidiu tomar uma posição mais digna e dignificante, deslocando Jerónimo de Sousa aos Jerónimos, onde em vez de realçar as diferenças e as posições supostamente condenáveis, optou por realçar a coragem, lembrando o papel de Soares na defesa de vários militantes comunistas nos tribunais plenários.
Assim sim, só lhe fica bem.
Depois de um comunicado lacónico sobre a morte de Mário Soares parece que o PCP decidiu tomar uma posição mais digna e dignificante, deslocando Jerónimo de Sousa aos Jerónimos, onde em vez de realçar as diferenças e as posições supostamente condenáveis, optou por realçar a coragem, lembrando o papel de Soares na defesa de vários militantes comunistas nos tribunais plenários.
Assim sim, só lhe fica bem.
Agora é connosco
«É estranho. Acreditava que todos tínhamos isto por certo. Acreditava, sobretudo, para mim, que tinha isto arrumado, pacífico: Soares estava por dias, semanas. Tinha até já escrito o meu obrigada, a minha elegia, aqui, há duas crónicas; tinha já, pensava, sondado o meu coração e percebido o lugar que ele ocupava, a forma como me conquistou ao longo do tempo até se constituir numa espécie de pai metafórico - o homem que esteve sempre onde e quando foi preciso para garantir que Portugal seria uma democracia e que eu, com 10 anos no 25 de Abril, cresceria numa.
Mas no sábado, quando vi o tuite de Ricardo Costa, diretor do Expresso, a dar a notícia, às 15.41, foi como se nunca tivesse pensado no depois de Soares; como se fosse surpresa: e agora? Percebi, a seguir, que muitos dos meus amigos tinham reagido assim: lavados em lágrimas, num desgosto súbito, irreprimível, que não vimos chegar. Porquê? O que é que sucedeu no sábado, de repente, que não tínhamos previsto? Donde vinha aquela dor?
Como eu, essas pessoas são crianças de abril; como eu, viveram a quase totalidade da sua vida adulta sob a protetora, calorosa e incansável tutela deste homem. Como eu, sentiram-se órfãs - foi a primeira coisa que escrevi, naquele momento, no Facebook, e tantas delas o repetiram, porque estávamos juntos nessa orfandade.
Mas é mais do isso. É também uma catarse, o momento em que podemos enfim deixar-nos abater pelo brutal ano de 2016, o ano em que vimos acontecer o que nunca julgámos possível: o regresso triunfante da xenofobia, do racismo, do sexismo, das ideologias de extrema direita, embrulhadas no populismo mais tresloucado, virulento e destrutivo; os EUA entregues a alguém de quem nenhum de nós quereria receber um aperto de mão, quanto mais um carro usado. A mentira propalada como "a minha versão da verdade que vale tanto como a tua". A Europa em fanicos, impotente, sem ideia de caminho. A democracia tomada de assalto, desvirtuada, contrabandeada, contrafeita pelos seus inimigos.
Já não soubemos o que ele, político da política clássica e da democracia como facho sagrado, teria para dizer sobre tudo isto. Mas esta morte, agora, de um símbolo da construção da Europa como lugar de generosidade, união, progresso económico, combate às desigualdades e "nunca mais" (o nunca mais das guerras mundiais e dos campos de concentração, da perseguição dos "diferentes", dos "inferiores", dos "subversivos" que é a memória do nazismo mas também do estalinismo), é-nos ainda mais simbólica quando nos sentimos tão perdidos, tão em choque com uma história cujos ventos parecem determinados a fazê-lo anacrónico, ícone de uma era dourada.
Esta dor é isso tudo. Mas é ainda outra coisa. Porque de súbito nos sentimos a descoberto, na primeira linha, expostos ao vazio, ao negro, a um aterrador desconhecido. Todas as desculpas usadas, perdidas; já não podemos continuar a queixar-nos "deles", dos mais velhos, dos seus erros e equívocos, por mais errados e equivocados que tenham às vezes estado; já não interessa. Já não podemos confortar-nos na suposta superioridade dos que não sujam as mãos, dos que ficam a assistir, dos treinadores de bancada, na rebelde e adolescente irresponsabilidade dos que aproveitam o que fica do esforço, da luta e dos riscos dos outros (e que mal fica ao PCP, que em tempos, sob Cunhal, foi capaz de saber que votar Soares era votar pela sua própria sobrevivência e sobretudo pelo bem do país, o seu comunicado de ódio e mentira).
Este desaparecimento passa-nos, como bem frisou Marcelo - antes de todos os que já repetiram o mesmo -- o testemunho. Diz-nos que temos de ser nós, agora. "Agora ficamos sozinhos", escreveu Sérgio Sousa Pinto no Facebook. Ficamos, mas somos muitos. » [DN]
Autor:
Fernanda Câncio.
Mário Soares, um grande Português
«Faleceu um grande português. Um entre os maiores políticos do séc. XX e XXI a quem o País fica muito a dever.
Homem de grande coragem, enfrentou perseguições, prisões, deportações no período do antigo regime. Foi também com enorme coragem que percorreu o período da democratização e do PREC até à consolidação da democracia em Portugal.
O processo da descolonização portuguesa foi forçado pelas grandes potências e não devemos esquecer a teoria do dominó de Eisenhower para compreender o que aconteceu. É bom recordar a frase de Kissinger de que se Portugal evoluísse para o comunismo, seria uma vacina para a Europa. Apesar disso, Soares soube convencer os EUA de que valia a pena apoiar Portugal.
Foi pela mão de Mário Soares que Portugal fez a sua adesão à CEE, também devido às suas excelentes relações com personalidades como Mitterrand, Willy Brandt e Olof Palm.
Teve a lucidez de chamar os empresários espoliados em 1975, entre eles o Grupo Espírito Santo, o que contribuiu para um período de entrada de capitais sem precedentes que conjugava os fundos europeus aliados aos capitais destinados às reprivatizações. Isso permitiu reconstruir a economia do país.
Chocou-se com nova destruição do Grupo Espírito Santo, agora por um PREC de direita, de políticos despreparados e sem a visão de Estado que sempre o caracterizou.
Foi sempre um homem solidário, principalmente nos momentos mais difíceis dos seus amigos. Fui verdadeiramente seu amigo. Sinto-me reconhecido e agradecido pela amizade dedicada por si e por Maria de Jesus Barroso à minha família mais directa, e a mim, especialmente no período subsequente à desgraça que ocorreu a 3 de Agosto de 2014.
Sinto-me triste porque perdi um bom Amigo.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Ricardo Salgado.
Galamba apoia nacionalização do Novo Banco
«ancisco Louçã, Vítor Bento, Manuela Ferreira Leite e José Maria Ricciardi: estes são alguns dos nomes que nos últimos dias se juntaram ao coro que pede a nacionalização do Novo Banco. Mário Centeno, na semana passada, disse que essa possibilidade não estava fora afastada. Esta segunda-feira, foi a vez de João Galamba, vice-presidente da bancada do PS, tomar uma posição em declarações ao “Diário de Notícias”.
“O banco já é do Estado [através do Fundo de Resolução], só que é de transição. Eu só quero que o Estado assuma plenamente e de forma normal aquilo que hoje já existe”, defendeu o deputado socialista.
Para Galamba, os custos para os contribuintes de uma operação de nacionalização já foram de facto assumidos, a 13 de agosto de 2014, com a criação do Fundo de Resolução, quando o passivo da instituição “passou para o Estado”. “Nacionalizar de facto não traz novos custos, apenas reconhece custos que sempre existiram”, sublinhou.» [Expresso]
Parecer:
Faz todo o sentido.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
Há que pagar os fretes a Lima?
«O PSD quer indicar Fátima Resende Lima e Francisco Azevedo e Silva como candidatos para o novo Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, mas os dois nomes estão a criar desconforto interno. Ao que o PÚBLICO apurou, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, informou na última semana os membros da comissão permanente do partido sobre os candidatos, mas os nomes não caíram bem por não constituírem uma novidade na escolha.
A questão não foi discutida no órgão mais restrito de Passos Coelho e só o deverá ser esta semana. Aliás, a bancada do PSD pediu na passada sexta-feira, último dia do prazo dado por Ferro Rodrigues, para adiar a entrega dos nomes até esta segunda-feira, quando se conta dez dias até à eleição (marcada para 19).
Fátima Resende Lima, mulher de Fernando Lima, ex-consultor do antigo Presidente da República, Cavaco Silva, já é directora executiva da ERC, mas a sua escolha, em Janeiro de 2012, por Carlos Magno, actual presidente da ERC, foi contestada pelos dois elementos do Conselho Regulador indicados pelo PS. Na altura, Alberto Arons de Carvalho (vice-presidente) e Rui Gomes (vogal) votaram contra alegando a falta de experiência de nomeada. Mas a nomeação passou com os três votos favoráveis de Magno e das vogais Luísa Roseira e Raquel Alexandra.» [Público]
Parecer:
Este tipo de escolhas ajuda a perceber a mansidão de Belém do temo de Cavaco em relação a Sócrates. O 1que saberá a esposa do "fonte anónima de Belém" de liberdade de imprensa?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
A miserável MEO
«"O comando da precariedade é MEO. Melhores salários e estabilidade laboral", "Trabalhadores da Manpower em greve" ou "Não à precariedade. Somos MEO. A luta continua" eram algumas das frases que se podiam ler nas faixas dos trabalhadores subcontratados da agência de emprego Manpower e que hoje protestaram junto às instalações na PT/MEO, no Porto.
Em declarações aos jornalistas, Nelson Leite, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (Sinttav) / CGTP, explicou que há cerca de 400 trabalhadores subcontratados da Manpower que estão numa situação precária e que exigem a "integração na PT/MEO" e "aumentos salariais".» [Notícias ao Minuto]
Parecer:
A MEIO e muitas outras empresas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»