O debate sobre a TSU está servindo para que o país perceba como os partidos usam os interesses nacionais em função das suas agendas políticas. A falta de seriedade e o desinteresse em elação às consequências é evidente, são estes os políticos que tanto falam contra o populismo que quase convidam os eleitores a escolher o primeiro populista. Pensar que em Portugal a escolha de um populista é impossível é ignorar que Marinho e Pinto poderia estar neste momento no governo.
O PSD decidiu provar que a geringonça tem falhas juntando-se aos que no passado eram perigosos extremistas e por isso deveriam estar excluídos de soluções governativas, essa convicção era tão forte que para as contas de uma maioria parlamentar os seus deputados nem existiam. Mas para ganhar algum oxigénio político Passos Coelho não hesitou e ignorar os seus valores, aderindo às posições da esquerda conservadora.
Assunção Cristas aproveitou para tirar o tapete a Passos Coelho, mas como não podia apoiar Costa decidiu procurar alternativas. Juntou o útil ao agradável, propõe uma baixa da TSU e como os seus amigos da “economia social” não pagam IRC sugere uma ajudinha ao sector, onde conta com muitos votos. Para quem faz campanha em lares e corredores das Santas Casas um subsidiozinho era bem pago.
Parece que o PCP e o BE já aderiram às ideias de Cristas e um dia destes ainda vamos ver a associação das empresas familiares juntar-se à CGTP para um pacto social alternativo. BE, PCP e CDS defendem agora uma redução da sobretaxa, uns porque nunca gostaram dela, outros porque querem aumentar os lucros desses empresários exemplares qe são os micro-empresários, uma espécie de nova classe operária progressista.
Atrapalhado por não ter alternativa e depois de semanas sem saber como explicar a sua decisão, Passos Coelho veio desenterrar a reforma do IRC, escondendo que esta era a obra prima da desvalorização fiscal do trabalho, sendo financiada pela sobretaxa do IRS. Isto é, o que estava em causa era um pequeno aumento do salário mínimo e em vez disso, toda a direita mais a esquerda conservadora uniu-se para defender menos impostos sobre os lucros dos patrões.
O absurdo é tão grande que apetece votar num qualquer Trump e dar uma vassourada nas Catarinas e na Assunções, nos Arménios, Louçãs, Jerónimos e Coelhos.