Sempre que Cavaco e Passos sentiam necessidade de pressionar os partidos da oposição utilizaram a concertação social e os parceiros sociais, uma forma simpática de designar patrões, foram usados como tropa de choque contra o PS.
Na hora de designar António Costa para primeiro-ministro um Cavaco Silva em desespero jogou a sua última cartada das seis condições, uma delas era a de que o governo respeitaria o “papel do Conselho Permanente de Concertação Social, dada a relevância do seu contributo para a coesão social e o desenvolvimento do país”.
Quando o PS apresentou o OE para 2017 Passos Coelho começou por dizer que o ia ignorar, como tinha feito em relação ao OE de 2016, mas acabou por mudar de posição, tirando uma carta da manga, ia ouvir os parceiros sociais e apresentaria as suas propostas como propostas orçamentais do PSD. Acabou por reunir as cortes em Albergaria-a-Velha, onde apresentou uma espécie de OE do seu governo no exílio. Passos afirmava-se como o paladino dos parceiros sociais e da concertação social, opondo a legitimada daqueles à da maioria dos deputados.
Para os teóricos da direita a concertação social é a alternativa e negação da luta de classes, daí que para personalidades da direita como Cavaco o respeito pela concertação social, colocando-a cima do parlamento é um alicerce ideológico. Todas as organizações que assinaram o acordo de concertação têm o envolvimento político-partidário do PSD, os sindicatos são os da UGT e quanto às associações patronais todos sabemos o que a casa gasta. A concertação é a trave mestra do PSD e Passos Coelho decidiu derrubá-la.
O PSD parece ter muitas saudades de umas boas greves, os mais altos dirigentes do PSD não escondem essa sua perversão ideológica e não se cansam de desafiar a CGTP e o Mário Nogueira para uma lutazinha das antigas. Passos Coelho é um político imaturo que nunca deixou de o ser e eu nunca conseguiu ver a diferença entre uma associação de estudantes do preparatório e um país, daí a sua decisão de boicotar o país, não hesitando para isso em destruir a concertação social.
Passos perdeu a lucidez políticos, conselheiros como o Relvas parece terem-no abandonado, está cada vez mais dependente intelectualmente de um grupo de extremistas que têm acompanhado. Mas desta vez pode ter ido longe demais na sua imaturidade e arrisca-se a pagar bem cara uma asneira que o vai conduzir ao fim político. Passos acabou de perder toda e qualquer credibilidade política.