Os últimos meses têm sido dramáticos para a credibilidade da justiça, tendo para isso contribuído quase todos os agentes do sector, designadamente, os juízes, os magistrados do Ministério Público, a ministra e até os pirralhos do Centro de Estudos Judiciários.
Essas personagens que são um misto de génios com divindades têm dado uma péssima imagem de si, o país ficou a saber que os tais semi-deuses cujas decisões são inquestionáveis formam-se na base do copianço, como se viu com o famoso exame do Centro de Estudos Judiciários.
Os magistrados do Ministério Público, esses sacerdotes a quem cabe assegurar a virgindade das noivas da nação andaram a divertir-se no Algarve, mais as respectivas e os respectivos dondocas, num luxuoso congresso patrocinado pela alta finança, gente que tem em tribunal processos que davam para cobrir meio défice orçamental. Um dia destes vamos assistir um julgamento e damos com um magistrado do Ministério Público com a toga preenchida com anúncios do género “Queres dinheiro vai ao BPP”, “Powered by Ongoing” ou “Com Sheltox não há moscas varejeiras na sala de audiências”.
Agora são os juízes que querem dar um ar da sua graça perseguindo ex-governantes por causa das suas despesas. Parece que os magistrados não se recompuseram da perda de pequenos privilégios e acabam por dar um bom exemplo da justiça que temos, atrasadinha, justiceira, vingativa e de baixo nível.
Há muito que os nossos sindicalistas da toga pediram ao governo a lista das despesas dos governantes, isto é, levaram um ano a conferir as contas para agora enviarem algumas para o Ministério Público. Percebe-se agora que o atraso da nossa justiça não se deve apenas a uma questão de complicações jurídicas, os nossos juízes têm mesmo uma caixa limitada a duas velocidades, devagar e devagarinho. Só isso explica que tenham levado um ano a conferir as contas.
Um segundo aspecto que mostra como funciona a nossa justiça é a forma como se soube, os nossos juízes ainda não fizeram nada, mas ficámos a saber pela comunicação social que vão entregar as contas no Ministério Público. Percebemos agora como os nossos magistrados gostam de fazer justiça na comunicação social e sem que os arguidos se possam defender, compreende-se, para um magistrado é mais cómodo o tribunal plenário dos jornais.
Curiosamente os nossos magistrados os tais que para condenar não precisam de provas, bastando-lhes a convicção, enviam as contas para o Ministério Público mas não acusam, insinuam, sugerem a possibilidade de terem sido cometidos crimes. Depois vão a correr para a sala de audiências na esperança de algum governante ir a julgamento. Parecem a Ivone Silva na famosa rábula “Olívia patroa, Olívia costureira”.
Por fim, torna-se evidente que os juízes ou não confiam nos magistrados do Ministério Público e receiam que não haja julgamentos, ou não confiam em si próprios e receiam que sejam incapazes de condenar os governantes, pelo sim, pelo não, preferem que o julgamento seja feito sem a sua intervenção, cabendo aos jornalistas o papel de juízes. Quando são os juízes a actuar desta forma nada se pode dizer da promiscuidade a que temos assistido na justiça, com a comunicação social a ter acesso directo e total aos processos que se encontram em segredo de justiça.
Por fim, torna-se evidente que os juízes ou não confiam nos magistrados do Ministério Público e receiam que não haja julgamentos, ou não confiam em si próprios e receiam que sejam incapazes de condenar os governantes, pelo sim, pelo não, preferem que o julgamento seja feito sem a sua intervenção, cabendo aos jornalistas o papel de juízes. Quando são os juízes a actuar desta forma nada se pode dizer da promiscuidade a que temos assistido na justiça, com a comunicação social a ter acesso directo e total aos processos que se encontram em segredo de justiça.