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Ao sol de Inverno [A. Cabral]
Jumento do dia
Pedro Passos Coelho
O incidente da gorja do Monteiro dos Transportes à Lusoponte teria ficado sanado e Passos Coelho seria agora alvo de todos os elogios se tivesse tido a coragem de demitir um secretário de Estado incompetente, duvidoso e pouco defensor dos interesses públicos. Em vez disso Passos Coelho tentou enganar os portugueses com argumentos esfarrapados, os Monteiro dos Transportes tentou fazer os portugueses passar por parvos e até uma jornalista do Público parece ter dado em parva.
Passos Coelho ignorou que se apanha mais depressa um mentiroso do que um coxo, agora ninguém duvida que a Lusoponte recebeu uma gorja, que o secretário de Estado dos Transportes, ou é incompetente, ou é idiota ou é corrupto, que o primeiro-ministro exibe muitos gadjets electrónicos mas vai para os debates mal preparado e que este governo só é muito austero com os pobres.
Desmontada a mentira os goebelzinhos da propaganda governamental estão a tentar reparar o irreparável, mandaram o Sol dizer que o desgraçado do Passos Coelho meteu água por causa de um sms mal escrito e para que tudo pareça perfeito fazem uma jornalista tontinha do Público fazer passar a mensagem de que o reembolso já estava há muito combinado e até prevê juros pesados.
A jornalista está mesmo tontinha pois sobre o mesmo diz agora o contrário do que disse há poucos dias, o governo esquece que disse que estava tudo bem e Passos Coelho perdeu a oportunidade de iludir o que é cada vez mais óbvio, tira aos pobres para dar aos ricos.
Passos Coelho ignorou que se apanha mais depressa um mentiroso do que um coxo, agora ninguém duvida que a Lusoponte recebeu uma gorja, que o secretário de Estado dos Transportes, ou é incompetente, ou é idiota ou é corrupto, que o primeiro-ministro exibe muitos gadjets electrónicos mas vai para os debates mal preparado e que este governo só é muito austero com os pobres.
Desmontada a mentira os goebelzinhos da propaganda governamental estão a tentar reparar o irreparável, mandaram o Sol dizer que o desgraçado do Passos Coelho meteu água por causa de um sms mal escrito e para que tudo pareça perfeito fazem uma jornalista tontinha do Público fazer passar a mensagem de que o reembolso já estava há muito combinado e até prevê juros pesados.
A jornalista está mesmo tontinha pois sobre o mesmo diz agora o contrário do que disse há poucos dias, o governo esquece que disse que estava tudo bem e Passos Coelho perdeu a oportunidade de iludir o que é cada vez mais óbvio, tira aos pobres para dar aos ricos.
O Joãozinho rezando
Chegou-me por email:
Senhor todo poderoso: nestes 2 anos o Senhor levou o meu cantor favorito Michael Jackson! O meu actor preferido Patrick Swayze! A minha dançarina preferida Lacraia! Este ano levou a minha cantora favorita Amy Winehouse! Quero lembrar ao senhor que os meus políticos preferidos são: ANGELA MERKEL, NICOLAS SARKOZY, CAVACO SILVA, PEDRO PASSOS COELHO, PAULO PORTAS, ...
No fundo do túnel
«Os primeiros resultados da opção do Governo por uma austeridade “além da troika” aí estão: segundo o INE, no 4º trimestre de 2011 a recessão na economia portuguesa atingiu os -2,8% e o desemprego disparou, de 12,1% no final do 1º semestre, para 14% no final do ano.
Nunca se viu uma coisa assim: mais 96 mil desempregados em apenas seis meses! Segundo o Eurostat, Portugal foi, a seguir à Grécia, o país da União Europeia em que se destruiu mais emprego no último trimestre de 2011 (-3,1%) e as coisas continuaram a piorar no início deste ano, com a taxa de desemprego a atingir uns impressionantes 14,8% em Janeiro.
Como é evidente, mais do que ao abrandamento da economia europeia ou à aplicação do Memorando negociado com a ‘troika', tudo isto se deve, em larga medida, ao estrangulamento causado pela escassez de crédito à economia e, sobretudo, aos efeitos gravemente recessivos de uma vasta bateria de medidas de austeridade do Governo não previstas no Memorando inicial e em muitos casos comprovadamente injustificadas: imposto extraordinário sobre o 13º mês; aumento do IVA da energia e da restauração para a taxa máxima de 23%; aumentos brutais dos transportes públicos e das taxas moderadoras; eliminação dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e dos pensionistas. Mas além disto, que já não é pouco, é preciso contar também com o efeito acumulado de todo um conjunto de outras decisões pontuais do Governo, igualmente não previstas no Memorando e indiscutivelmente responsáveis pelo desemprego de muitos milhares de pessoas: o desmantelamento do programa Novas Oportunidades e a suspensão do programa de requalificação do parque escolar, por exemplo, correspondem a decisões políticas totalmente evitáveis, que só vieram agravar ainda mais a evolução do desemprego.
Menos referidas, mas não menos relevantes para a evolução negativa da economia e do emprego, são as situações de manifesta inoperância do Governo, e em especial do ministério da Economia (mesmo na área das obras públicas, ainda não capturada por outros ministérios). Veja-se o caso extraordinário do Túnel do Marão, investimento de importância reconhecidamente vital para o desenvolvimento da região de Trás-os-Montes: depois de executada a construção em cerca de 70%, as obras, que até aí mobilizavam cerca de 100 empresas (quase todas PME) e garantiam mais de 1300 empregos directos, estão pura e simplesmente paradas praticamente desde que o actual Governo entrou em funções, há já mais de 8 meses (!!), com graves prejuízos para o Estado, para a região, para a economia e para o emprego. Chamado esta semana ao Parlamento para dar explicações, o secretário de Estado das Obras Públicas (sim, o mesmo do caso Lusoponte...) disse que havia um litígio, sem fim à vista, com a concessionária e com o consórcio bancário responsável pelo financiamento da obra - o qual contratou o financiamento em condições muito favoráveis para os interesses do Estado e agora não o quer cumprir. Pelo meio, percebeu-se que o Estado tinha aceite substituir-se ao consórcio bancário, avançando ele próprio com um pagamento de 200 milhões de euros que não lhe era devido - mas, estranhamente, não tratou de assegurar o reinício das obras, que continuam e vão continuar paradas. Por este caminho, o que não vai parar é o aumento do desemprego.» [DE]
Autor:
Pedro Silva Pereira.
Dança da chuva
«As crises são propícias a gerar conflitos. Casa onde não há pão… E em particular conflitos irrisórios, sem sentido, inúteis. É o caso da mesquinha vingança epistolar de Cavaco Silva ou da disputa ministerial pelos dinheiros do QREN. A este propósito vem-me à memória a célebre frase de Jorge Luís Borges que, comentando a guerra das Malvinas, disse que mais pareciam "dois carecas à luta por um pente". Aplica-se aqui perfeitamente. Dada a política anti-investimento seguida por este governo, é irrelevante quem "mande" nos fundos do QREN. Eles não vão servir para nada, já que a componente financeira local, por diminuta que seja, simplesmente não existe. O país está sem liquidez.
Mas as crises são também propícias ao disparate e à irracionalidade. E não há maior irracionalidade do que a crença em entidades sobrenaturais que supostamente governam a vida do comum dos mortais e até o tempo que faz. Vem isto a propósito da fé da ministra da agricultura na simpatia do divino para com os problemas da seca em Portugal ou do apelo de um bispo qualquer que afirmou que era preciso rezar muito para que a precipitação líquida possa ter lugar.
Algumas tribos de índios norte-americanos eram especialistas na matéria. Habitando as zonas áridas do sul, estes indígenas elaboravam complexos rituais e danças com o propósito de fazer chover. Em vão. A eficácia, como não podia deixar de ser, era nula. Hoje servem para divertir os turistas, muitos deles descendentes daqueles que exterminaram os dançarinos do passado. Não foi com danças que escaparam a um destino cruel.
Alguns investigadores consideram que a crença em entidades sobrenaturais está inscrita no nosso código genético. Milhares e milhares de anos em que a humanidade viveu e sofreu com fenómenos naturais inexplicáveis e um meio ambiente hostil terão gerado uma propensão para acreditar na existência de um controlador superior de tais processos. As religiões mais não são do que a tradução política e cultural dessa inclinação genética.
Com o evoluir do conhecimento e da ciência muita da argumentação religiosa foi caindo por terra e a crença virou-se para uma crescente abstração, de que o chamado "Design Inteligente" é o mais recente dos subprodutos. Neste caso, a divindade é um algoritmo.
Pessoalmente, considero a crença um vírus. O qual, uma vez inoculado na mente, perturba, tantas vezes de forma demencial, a capacidade de raciocínio e observação do portador. Daí que tudo pareça plausível, mesmo as coisas mais fantasiosas como sejam as aparições e os milagres. Também há quem acredite em fantasmas, reencarnações, bruxas, nos astros, nas folhas de chá e por aí adiante. A matéria é tão inesgotável quanto uma perfeita perda de tempo.
A influência deste tipo de vírus nas nossas sociedades, avançadas, tecnológicas e da ciência, continua a ser brutal. Quanta energia inútil consumida em debates alucinados, justificações sem nexo nem propósito? Quanta intolerância, guerras, barbaridades, cometidas em nome das religiões? Quanta perseguição, condicionamento, pavores e perturbações mentais? Quantos abusos? A religião pode ser muito moralista, mas não é moral, nem ética. Desde os padres católicos que abusam das crianças, aos aiatolas que perseguem fanaticamente as mulheres e qualquer expressão de liberdade individual, é difícil entender qual a utilidade efetiva e benéfica para a humanidade de tais práticas. Diz-se que as religiões têm uma função social. Alimentam a alma e dão de comer aos pobres. Mas em troca de quê? Os sem-abrigo que o digam pois antes de lhes servirem a parca refeição são obrigados a rezar.Como libertário, acho que cada pessoa pode perfeitamente acreditar naquilo que quer. Mas o problema é que as crenças pessoais muitas vezes têm implicações na vida coletiva. Retome-se o caso da fé da ministra da agricultura na benevolência da sua divindade. Ficou à espera, demasiado tempo à espera, e entretanto o país foi secando nalguns casos até ao ponto do irrecuperável. Diz agora que como não foi superiormente atendida a tempo (será que não rezou o suficiente?) vai a Bruxelas, essa divindade mais acessível, pedir fundos. E faz bem. A chuva que Portugal precisa urgentemente é mesmo a de dinheiro. É que anda tudo seco.» [Jornal de Negócios]
Mas as crises são também propícias ao disparate e à irracionalidade. E não há maior irracionalidade do que a crença em entidades sobrenaturais que supostamente governam a vida do comum dos mortais e até o tempo que faz. Vem isto a propósito da fé da ministra da agricultura na simpatia do divino para com os problemas da seca em Portugal ou do apelo de um bispo qualquer que afirmou que era preciso rezar muito para que a precipitação líquida possa ter lugar.
Algumas tribos de índios norte-americanos eram especialistas na matéria. Habitando as zonas áridas do sul, estes indígenas elaboravam complexos rituais e danças com o propósito de fazer chover. Em vão. A eficácia, como não podia deixar de ser, era nula. Hoje servem para divertir os turistas, muitos deles descendentes daqueles que exterminaram os dançarinos do passado. Não foi com danças que escaparam a um destino cruel.
Alguns investigadores consideram que a crença em entidades sobrenaturais está inscrita no nosso código genético. Milhares e milhares de anos em que a humanidade viveu e sofreu com fenómenos naturais inexplicáveis e um meio ambiente hostil terão gerado uma propensão para acreditar na existência de um controlador superior de tais processos. As religiões mais não são do que a tradução política e cultural dessa inclinação genética.
Com o evoluir do conhecimento e da ciência muita da argumentação religiosa foi caindo por terra e a crença virou-se para uma crescente abstração, de que o chamado "Design Inteligente" é o mais recente dos subprodutos. Neste caso, a divindade é um algoritmo.
Pessoalmente, considero a crença um vírus. O qual, uma vez inoculado na mente, perturba, tantas vezes de forma demencial, a capacidade de raciocínio e observação do portador. Daí que tudo pareça plausível, mesmo as coisas mais fantasiosas como sejam as aparições e os milagres. Também há quem acredite em fantasmas, reencarnações, bruxas, nos astros, nas folhas de chá e por aí adiante. A matéria é tão inesgotável quanto uma perfeita perda de tempo.
A influência deste tipo de vírus nas nossas sociedades, avançadas, tecnológicas e da ciência, continua a ser brutal. Quanta energia inútil consumida em debates alucinados, justificações sem nexo nem propósito? Quanta intolerância, guerras, barbaridades, cometidas em nome das religiões? Quanta perseguição, condicionamento, pavores e perturbações mentais? Quantos abusos? A religião pode ser muito moralista, mas não é moral, nem ética. Desde os padres católicos que abusam das crianças, aos aiatolas que perseguem fanaticamente as mulheres e qualquer expressão de liberdade individual, é difícil entender qual a utilidade efetiva e benéfica para a humanidade de tais práticas. Diz-se que as religiões têm uma função social. Alimentam a alma e dão de comer aos pobres. Mas em troca de quê? Os sem-abrigo que o digam pois antes de lhes servirem a parca refeição são obrigados a rezar.Como libertário, acho que cada pessoa pode perfeitamente acreditar naquilo que quer. Mas o problema é que as crenças pessoais muitas vezes têm implicações na vida coletiva. Retome-se o caso da fé da ministra da agricultura na benevolência da sua divindade. Ficou à espera, demasiado tempo à espera, e entretanto o país foi secando nalguns casos até ao ponto do irrecuperável. Diz agora que como não foi superiormente atendida a tempo (será que não rezou o suficiente?) vai a Bruxelas, essa divindade mais acessível, pedir fundos. E faz bem. A chuva que Portugal precisa urgentemente é mesmo a de dinheiro. É que anda tudo seco.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Leonel Moura.
Ministro idiota
«Quase três horas depois, e segundo a mesma fonte, a própria assessora de imprensa de Miguel Macedo terá dito que ele viria falar aos jornalistas e que a reunião estava quase a terminar. "A assessora do ministro disse que a reunião estava a terminar e que ele falava, mas o ministro saiu e disse que não prestava declarações".
Segundo relato de vários jornalistas presentes - rádios, imprensa e televisão - o ministro terá dado indicação de que, se quisessem, deveriam ser os representantes locais a falar com os media, mas que ele, ministro, não falaria. "Não vou fazer comentários", disse Miguel Macedo à saída.
Pouco depois, a assessora do ministro veio dizer aos jornalistas que, afinal, o ministro da Administração Interna sempre "abria uma excepção" e falaria. Porém, nessa altura, os profissionais fizeram saber que já não estavam interessados em ouvir Miguel Macedo e saíram do local em conjunto.» [Expresso]
Parecer:
Quem se terá lembrado de promover este Macedo a ministro?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso cínico.»