terça-feira, março 27, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Alfama, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Pitões de Júnias [A. Cabral]
    
Jumento do dia


Miguel Macedo. ministro (incompetente) da Administração Interna

A polícia interveio sem qualquer motivo batendo violentamente em cidadãos que exerciam o direito à manifestação que estava devidamente autorizado.
 
A polícia bateu violentamente em jornalistas que exibiam claramente os equipamentos profissionais de fotografia cuja utilização não requer qualquer autorização prévia da PSP.
 
A polícia proporcionou imagens que correram mundo prejudicando a boa imagem do país e distorcendo a realidade tornando-a semelhante à da Grécia.
 
Num primeiro momento os mais altos responsáveis da PSP tentaram cumpabilizar os jornalistas agredidos por não estarem devidamente identificados, como se no nosso país se vicesse uma situação de guerra que obrigue os jornalistas a andarem identificados e equipados com capacete e colete à prova de bala.
 
O ministro da Administração Interna teve posições atabalhoadas e só quando percebeu que a opinião pública não estava do lado da polícia fez declarações confusas, não se percebendo muito bem o que pretende.
 
Ao dar cobertura à intervenção polícial estranha-se que passados quatro dias o ministro da Administração Interna se escude atrás de inquéritos para não fazer o que já devia ter feito, demitir o director nacional da PSP.
 
Não tendo feito o que devia fazer estranha-se que o ministro não tenha ainda apresentado o seu pedido de demissão. Ao não fazê-lo está a transferir para o primeiro-ministro a responsabilidade política pela repressão polícial injustificada.

 Cavaco e os seus lamentos

 
Cavaco Silva lamentou a violência policial. Só lhe fica muito bem.

Masl alguém se recorda de Cavaco Silva ter lamentado a repressão de uma manifestação de agentes da PSP que ficou conhecida por manifestação dos secos e molhados? Era dia 21 de Abril de 1989 e o primeiro-ministro era Cavaco Silva.
 
Alguém explica a Cavaco Silva que perante factos idênticos não podem haver duas posturas e que perante a repressão não se podem tomar posições diferentes em função da época ou dos cargos?
  
 

 Quatro paradigmas

«Interpelado no Parlamento sobre um pagamento indevido de 4,4 milhões de euros feito pelo Governo à Lusoponte o primeiro-ministro atrapalhou-se e informou textualmente a Assembleia: “Não há um duplo pagamento à Lusoponte essa é a primeira coisa que quero deixar claro…”.
 
Ora, o que aconteceu foi o secretário de Estado dos Transportes ter concordado com uma proposta que lhe foi submetida por uma sua assessora, em tempos ligada à Lusoponte, nos termos da qual a concessionária teria direito a receber as portagens cobradas na ponte 25 de Abril mais os 4,4 milhões devidos se não tivessem existido portagens.
 
Perante esta situação o Governo foi forçado emendar a mão decidindo que a Lusoponte terá de devolver os 4,4 milhões indevidamente recebidos acrescidos de juros à taxa de 6,3%.
 
Moral da história: o primeiro-ministro a leste e o secretário de Estado tratando mal o interesse do Estado e o dinheiro dos contribuintes.
 
2. Energia. O memorando da ‘troika' obriga a uma revisão das rendas da energia que os consumidores, industriais e privados, pagam a algumas empresas produtoras, especialmente à EDP.
 
O secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, decide moralizar o setor reduzindo as referidas rendas e impondo uma taxa sobre as produtoras. Este comportamento implicaria um sério confronto com poderosos interesses instalados e protegidos que só seria ganho com a solidariedade de todo o Governo.
 
Fica isolado, perde a batalha e é obrigado a pedir a demissão.
 
O Governo preferiu manter o preço da privatização da EDP a efetivar as reduções das rendas antes de concretizar a privatização.
 
Agora o secretário de Estado Carlos Moedas afirma que a redução das rendas terá de ser feita por mútuo acordo, ou seja, os direitos adquiridos só podem ser postos em causa nos reformados e nos trabalhadores do Estado, mas nunca em quem tem poder económico e proximidade política.
 
3. Cortes de salários no Estado. De início, as declarações governamentais iam no sentido de que os cortes salariais no setor público seriam iguais para todos não admitindo exceções.
 
Verifica-se agora que não há equidade na distribuição de sacrifícios pois com justificações não convincentes há empresas que fogem a estes cortes sendo objeto daquilo que o Governo qualifica como "adaptações".
 
Empresas públicas de primeira e outras de segunda na fixação dos regimes salariais dos trabalhadores e dos gestores?
 
Também aqui o Governo demonstra tibieza e ausência de equidade.
 
4. QREN. A mudança do responsável no QREN pela definição das prioridades e atribuição das respetivas ajudas do ministério da Economia para as Finanças, significa que estas verbas - as que restam para o financiamento das PME - passam das empresas para a consolidação orçamental.
 
Basta atentar na resolução do conselho de ministros que formaliza esta alteração para se constatar que o cabimento orçamental comanda os apoios às empresas e que as verbas não gastas em projetos parados há mais de 6 meses, (1,5 MMEuros) ficam cativas à ordem não da economia mas sim das finanças.
 
O Governo diz que tudo ficou na mesma. Se assim fosse então para quê esta alteração que não traduz apenas uma mudança de titulares mas sim uma profunda mudança de políticas?» [DE]

Autor:

Basílio Horta.
    

 Enganar os mercados com optismismo

«Segundo o "die Welt", o tom de optimismo oficial adoptado em relação a Portugal não apenas pela troika, mas também pela Alemanha, onde os governantes não se cansam de louvar os esforços envidados por Lisboa para sanear as contas públicas, prende-se também com o crescente cepticismo dos mercados, que vêem no país o próximo candidato a uma reconversão das dívidas. O diário cita, a título de exemplo, o chefe do fundo de investimentos, Pimco, Mohammed El-Erian, que adverte contra o perigo de uma falência portuguesa, por causa da recessão. Os especialistas alemães duvidam igualmente da capacidade de Portugal voltar aos mercados financeiros em 2013, conforme previsto pela troika.» [DE]

Parecer:

Enquanto o país se afunda numa recessão provocada pelo excesso de troikismo o governo, a troika e os alemães andam a vender optimismo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se por Maio.»
  
 A anedota do dia

«"Lamento profundamente que dois fotojornalistas tenham sido atingidos durante os distúrbios a que as forças de segurança tiveram que fazer face", afirmou o chefe de Estado, quando questionado durante uma conferência de imprensa com o seu homólogo sérvio sobre os confrontos no Chiado entre a polícia e pessoas ligadas à plataforma 15 de Outubro na passada quinta-feira.

Recordando que as autoridades competentes já determinaram a realização de um inquérito «para que tudo seja clarificado", Cavaco Silva defendeu a necessidade de saber tudo o que aconteceu.» [DE]

Parecer:

Será que o Palácio de Belém deixou de ter dinheiro para comprar jornais?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Mais um indicador de sucesso do Gaspar

«Cerca de mil empresas do sector do transporte rodoviário de mercadorias encerraram desde o início de 2011, deixando no desemprego cerca de cinco mil pessoas, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Transportadoras Portuguesas (ANTP).» [Expresso]

Parecer:

O ajustamento da miséria dos portugueses está a correr bem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao Gaspar.»
  
Um sindicalista muito empenhado em que não se adira a uma greve

«A UGT garante que nenhum dos seus sindicatos aderiu à greve geral de quinta-feira passada convocada pela CGTP, disse hoje o secretário-geral da União Geral de Trabalhadores, João Proença.» [DN]

Parecer:

Este anda, anda e ainda vai propor que a UGT passe a associada da CIP.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
  
E não para de fazer figuras tristes...

«O desemprego está a crescer e faltam empregos. Os dirigentes da UGT exigem que o Governo aplique o acordo tripartido de cumprimento do memorando de entendimento com a troika.
  
“O Governo tem de admitir que fez cedências” no acordo que assinou e tem de aplicar as medidas de promoção do emprego e formação profissional, afirmou o secretário-geral da UGT em conferência de imprensa. Os jornalistas questionaram-no por diversas vezes sobre que medidas gostaria de ver aplicadas, mas João Proença não avançou mais. Exemplificou apenas com o adiamento pelo Governo da revitalização dos centros de emprego. » [Público]

Parecer:

Coitado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Tenha-se dó da pobre alma.»