O onze laranja prometia muito, o presidente da agremiação tinha-se livrado do treinador anterior e tinha conseguido colocar em seu lugar a jovem promessa que tinha sugerido quando se tinha candidatado à presidência do clube. O financiamento estava assegurado pelo estrangeiro, a equipa era nova, a equipa estava reduzida ao essencial, fizeram grandes aquisições a preço zero no estrangeiro, foi-se buscar jogadores desconhecidos mas de quem se dizia serem grandes promessas.
Tudo parecia ir correr bem, o director do “i” tinha um orgasmo cada vez que o Gaspar toca na bola, no DN criaram um clube de fãns do Relvas, o pessoal da brilhantina da Ongoing desfazia-se em elogios à nova equipa, o presidente da agremiação estava tão tranquilo que se dedicou a colecionar selos, à apreciação da felicidade das vacas de quatro patas e à escrita das memórias a publicar sob a forma de livrinhos de cowboys. O capitão da equipa, o Relvas, um jogador luso–cabo-verdiano que tinha dado provas no campeonato das off-shores, mandava no balneário como ninguém. O treinador nem precisava de saber da bola, os adversários entravam no campo já derrotados. Tudo corria às mil maravilhas, parecia o Pinto da Costa nos bons velhos tempos.
De repente tudo começa a correr mal, o outro só diz disparates e há quem pense que apanhou uma variante bovina da senilidade, as receitas do clube baixam, o tal super-jogador que veio do Canadá não acerta um passe, o ponta de lança perdeu a pontaria e não acerta numa previsão, o director do “i” foi demitido, o pessoal da brilhantina fechou a loja, o Gaspar disputa a braçadeira de capitão ao relvas, a Cristas em vez de chutar não para de rezar, o Porta passa o tempo metido no balneário e ninguém o vê durante os treinos, uma boa parte da equipa mal toca na bola.
A desgraça só não é maior porque de vez em quando têm de fazer de conta que jogam alguma coisa, é quando são observados pelos da troika, e até se têm safado bem, santos da casa não fazem milagres e estão melhor vistos por aqueles fulanos estrangeiros com ar de palermas do que pelos portugueses.
Bem, sempre há alguns portugueses que se mantêm fãs incondicionais da equipa, é o caso do Mexia, o mais influente treinador de bancada, do Catedrático zero que esteve para ingressar na equipa, do Ferreira do Amaral que recebeu uma gorja de quatro milhões e das duas claques, a do pessoal dos gabinetes e a dos bloggers que o Relvas promoveu a assessores. No estrangeiro as coisas também não estão a correr mal, seguiram os conselhos do Futre, meteram um ponta de lança chinês na EDP e não para de chegar paletes cheias de chineses, por este andar o primeiro-ministro de Portugal passa a ser por inerência membro observador do congresso do Partido Comunista Chinês.
O problema é que não bastam os chineses, os guinchinhos de apoio da claque dos gabinetes ou as bordoadas das claques dos blogues e dos jornais para animar a equipa, o estádio está uma tristeza, os adeptos andam desanimados, raros são os que vão ver os jogos, são cada vez menos os que acreditam na equipa, alguns já rasgam o cartão de sócio.
O onze laranja é uma desgraça em campo, joga mal, o Gaspar deixou de ter graça, o secretário de Estado dos Transportes meteu um golo na sua própria baliza, o da Enrgia levou uma canelada porque se queixou de a equipa favorecer o adversário, os jogadores já se pegam à batatada a meio do jogo, o Álvaro prece que foge da bola, o Portas sai do campo e ninguém o encontra, a Cristas já pediu para construírem uma capela no estádio, como fez a esposa do Manuel Damásio no velho Estádio da Luz, o presidente anda a fazer roteiros com os velhotes do Clube Excursionista de Belém.. Dantes o Benfica ainda foi ao Terreiro do Paço cumprimentar o papa, o onze laranja está num estado tal que vai acabar por ter de ir à Santinha da Ladeira, porque já nem a Igreja Universal do Reino de Deus os recebe, até o dr. Kilumba lhes recusou uma consulta.
Porra, nunca mais chega o fim deste campeonato!