Esta foi uma semana muito difícil para Teixeira dos Santos,
o ministro das Finanças que ficou na história por não ter acertado numa única
previsão orçamental, mas no fim do mandato aproveitou a crise financeira para
se demarcar do primeiro-ministro de então. O modesto professor de economia do
Porto anda há meses num processo de preparação, numa verdadeira catequeses de
direito, começou por ser apadrinhado pelo Diário Económico que garantiu que o
ex-ministro já estava arrependido dos pecados socráticos, há poucos dias
recebia a bênção de Cavaco Silva e quando o sacerdote deste governo se
preparava para lhe enfiar a cabeça da pia baptismal do dinheiro da PT veio o
Paulo Portas e estragou a cerimónia, impediu a continuação da eucaristia e Teixeira
dos Santos foi impedido de entrar no paraíso. Pobre Teixeira, nem chegou a receber
os trinta dinheiros.
Quem não terá gostado nada terá sido o Oliveira, perdão, o Vítor
Gaspar, depois de ter metido Passos no Bolso, de ter transformado o promissor Álvaro
num ministro sem pasta e de ter reduzido a nada o afilhado do Relvas que geria
o QREN, esqueceu-se de que por enquanto este governo ainda resulta de uma
coligação e que quando o Portas diz não é não, o líder do PP não aceitou que
alguém com um desvio colossal em relação aos partidos do governo passasse à
frente de toda a gente e fosse o primeiro a receber as gorjetas da PT.
Quem não terá direito à pia baptismal do Palácio de Belém é
o ex-ministro José Sócrates, o indignado Cavaco mandou o Expresso informar que
não i«o iria condecorar, quebrando um a tradição do Estado Português. Enfim, as
tradições já não são o que eram e no Palácio de Belém isso é evidente, depois
de uma tradição de gente sem mácula financeira temos um que ganhou dinheiro fácil
com acções duvidosas, depois de uma tradição de gente impoluta, temos um
presidente que parece ter amigos mais duvidosos do que o Miguel que joga no Valência.
O que o indignado Cavaco não disse é se alguém lhe pediu a medalha ou
antecipou-se para evitar a humilhação de ser Sócrates a rejeitar a hipótese de
ser condecorado por um velho accionista da SLN.
Quem regressou à pia baptismal da massa do PSD foi José Luís
Arnaut, aquele rapaz do PSD que para
acompanharmos o seu rápido raciocínio somos obrigados a parar o pensamento por
longos períodos. Depois de ter ficado famoso quando era secretário-geral do
PSD e este partido foi apanhado com as mãos
da massa da Somague, o Arnaut foi escolhido para auditor financeiro do PSD, uma
garantia de transparência do financiamento do PSD pois com tão brilhante
responsável pelas contas as Somagues que se cuidem na hora de alimentar a pia
baptismal do partido do governo.