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Jumento do dia
João d'Espiney, jornalista do Público
É uma tradição do nosso jornalismo, de vez em quando vão ao DR e somam tudo o que é nomeações, desta vez foi o jornalista João d'Espinay a fazê-lo. Só que o jornalista fez uma pequena confusão entre cargos de chefia e cargos de nomeação política. Ora, uma coisa é um chefe de gabinete ou um assessor, outra é um chefe de divisão.
Com o PRACE uma boa parte dos serviços do Estado foram reestruturados e sempre que uma instituição pública tem uma nova lei orgânica todas as chefia caem, mesmo que depois voltem a ser nomeadas. Foi o que sucedeu com o governo de Sócrates, uma boa parte das nomeações contabilizadas pelo jornalista do Público foram chefes de divisão e directores de serviços. Quem lê o Público imagina boys, quem conhece os serviços sabe que muitos destes chefes até são simpatizantes ou militantes do PSD.
Infelizmente para os nossos jornais vale mais uma primeira página que venda papel do que a honestidade dos seus jornalistas.
«O Governo de Passos Coelho nomeou menos pessoas do que os executivos de José Sócrates nos primeiros sete meses de mandato, de acordo com a contagem do PÚBLICO aos despachos publicados em Diário da República em iguais períodos de governação.» [Público]
Com o PRACE uma boa parte dos serviços do Estado foram reestruturados e sempre que uma instituição pública tem uma nova lei orgânica todas as chefia caem, mesmo que depois voltem a ser nomeadas. Foi o que sucedeu com o governo de Sócrates, uma boa parte das nomeações contabilizadas pelo jornalista do Público foram chefes de divisão e directores de serviços. Quem lê o Público imagina boys, quem conhece os serviços sabe que muitos destes chefes até são simpatizantes ou militantes do PSD.
Infelizmente para os nossos jornais vale mais uma primeira página que venda papel do que a honestidade dos seus jornalistas.
«O Governo de Passos Coelho nomeou menos pessoas do que os executivos de José Sócrates nos primeiros sete meses de mandato, de acordo com a contagem do PÚBLICO aos despachos publicados em Diário da República em iguais períodos de governação.» [Público]
Os Cavacos
Vítor Gaspar reúne-se com presidente do FED
Vai explicar ao incrédulo americano a razão porque o presidente do BdP, de um país que recorre à ajuda internacional, ganha muito mais do que o presidente do FED de Nova Iorque!
Será que o Borges também trata os outros ministros por "muppets"?
Talvez seja o momento para recordar que o PSD chegou a atacar Manuel Pinho, então ministro da Economia, por não ter renovado os contratos do Estado com a Goldman Sachs onde António Borges, futuro vice-presidente do PSD trabalhava até ser despedido na sequência da crise financeira.
António Borges
Não desejo qualquer mal ao vaidoso António Borges, um homem que tem tanta consideração por si próprio que às vezes parece sentir-se apertado no seu país. O pior que poderia desejar-lhe já lhe sucedeu, ser empregado, senão mesmo um mero serviçal, um ministro sombra sem direito a voto no conselho de ministros, um empregado de alguém como Pedro Passos Coelho.
Que pior poderia desejar a António Borges do que ver a vedeta do INSEAD, o antigo gestor do Goldman Sachs pedir autorização ao licenciado da Moderna para poder aceitar o emprego do merceeiro?
Ao que as pessoas se sujeitam para ganharem uns trocos...
CASA DOS SEGREDOS | ANA VIDIGAL | 23 Março | 18.00h PAVILHÃO CENTRAL/IS TÉCNICO
Que pior poderia desejar a António Borges do que ver a vedeta do INSEAD, o antigo gestor do Goldman Sachs pedir autorização ao licenciado da Moderna para poder aceitar o emprego do merceeiro?
Ao que as pessoas se sujeitam para ganharem uns trocos...
CASA DOS SEGREDOS | ANA VIDIGAL | 23 Março | 18.00h PAVILHÃO CENTRAL/IS TÉCNICO
Corruptos oa alemães? Então imagine o resto
«A Alemanha vai ficar 250 mil milhões de euros mais pobre este ano por causa da corrupção. O alerta é do economista Friedrich Schneider, em artigo no Die Welt. Uma quantia astronómica, mesmo para a quarta economia mundial. É que 250 mil milhões são qualquer coisa como um décimo do PIB alemão e até mais do que a riqueza produzida em metade dos países da União Europeia, entre os quais Portugal.
O número envergonha um país que gosta de dar lições. Nos últimos tempos, vimos a chanceler Angela Merkel ir ao Quénia e alertar contra a corrupção, ir ao Kosovo e alertar contra a corrupção e ir ao Afeganistão e alertar contra a corrupção. Assim, num estilo que uns dirão repetitivo, mas que outros identificarão com a cadência maquinal tão associada à eficácia germânica.
E as más-línguas - há quem lhes chame antes antialemães primários - vão apressar-se a relembrar que ainda há um mês Christian Wulff teve de se demitir da Presidência da República para poder ser investigado por um caso de corrupção quando governava a Baixa Saxónia. Como se afinal a corrupção fosse um endémico problema alemão até agora bem escondido.
Sim, é um problema para a Alemanha. A Der Spiegel dedicou já um dossiê ao tema, com casos internos e até internacionais, como a Deutsche-Bahn a ser suspeita de ter pago em 2004 a políticos gregos para ganhar o concurso para o metro de Atenas. E a rádio oficial, Deustche Welle, também se interessou pelo assunto, citando uma porta-voz da polícia a alertar que menos de um décimo dos casos chega a tribunal.
Mas está longe de ser um problema só alemão. No índice global de corrupção construído pela Transparência Internacional, há um grupinho de países que se destaca pela positiva: são da Europa do Norte ou da Oceânia e ainda o Canadá e o Japão. Têm pelo menos oito pontos num máximo de dez. A Nova Zelândia lidera, a Alemanha surge em 14.º a par do Japão.
O que significa que se a economia germânica anda a ser pilhada, imagine-se o resto do mundo. A título comparativo, Portugal é o 32.º menos mau (e para quem duvide que não somos a Grécia, a nossa companheira de infortúnio nesta crise da dívida surge num péssimo 80.º lugar) numa lista de quase 200 países que fecha com a Birmânia, a Coreia do Norte e a Somália.
Para combater a corrupção, o académico Schneider recomenda que se aumente os salários ou se agravem as punições. E que em vez de multas, se apliquem penas de prisão. A primeira solução vale para quem se vende por uns tostões. Mas para os corruptos a sério, os dos milhões, só mesmo a ameaça das grades. Senão, eles ficam ricos, todos os outros mais pobres.» [DN]
O número envergonha um país que gosta de dar lições. Nos últimos tempos, vimos a chanceler Angela Merkel ir ao Quénia e alertar contra a corrupção, ir ao Kosovo e alertar contra a corrupção e ir ao Afeganistão e alertar contra a corrupção. Assim, num estilo que uns dirão repetitivo, mas que outros identificarão com a cadência maquinal tão associada à eficácia germânica.
E as más-línguas - há quem lhes chame antes antialemães primários - vão apressar-se a relembrar que ainda há um mês Christian Wulff teve de se demitir da Presidência da República para poder ser investigado por um caso de corrupção quando governava a Baixa Saxónia. Como se afinal a corrupção fosse um endémico problema alemão até agora bem escondido.
Sim, é um problema para a Alemanha. A Der Spiegel dedicou já um dossiê ao tema, com casos internos e até internacionais, como a Deutsche-Bahn a ser suspeita de ter pago em 2004 a políticos gregos para ganhar o concurso para o metro de Atenas. E a rádio oficial, Deustche Welle, também se interessou pelo assunto, citando uma porta-voz da polícia a alertar que menos de um décimo dos casos chega a tribunal.
Mas está longe de ser um problema só alemão. No índice global de corrupção construído pela Transparência Internacional, há um grupinho de países que se destaca pela positiva: são da Europa do Norte ou da Oceânia e ainda o Canadá e o Japão. Têm pelo menos oito pontos num máximo de dez. A Nova Zelândia lidera, a Alemanha surge em 14.º a par do Japão.
O que significa que se a economia germânica anda a ser pilhada, imagine-se o resto do mundo. A título comparativo, Portugal é o 32.º menos mau (e para quem duvide que não somos a Grécia, a nossa companheira de infortúnio nesta crise da dívida surge num péssimo 80.º lugar) numa lista de quase 200 países que fecha com a Birmânia, a Coreia do Norte e a Somália.
Para combater a corrupção, o académico Schneider recomenda que se aumente os salários ou se agravem as punições. E que em vez de multas, se apliquem penas de prisão. A primeira solução vale para quem se vende por uns tostões. Mas para os corruptos a sério, os dos milhões, só mesmo a ameaça das grades. Senão, eles ficam ricos, todos os outros mais pobres.» [DN]
Autor:
Leonídio Paulo Ferreira.
Nacionalismo de miséria
«Se, em 1975, o espectro português era o "socialismo de miséria", hoje a ameaça é a do "nacionalismo de miséria". É possível encontrar conservadores empedernidos de braço dado com esquerdistas assumidos, cantando em uníssono o refrão da reestruturação da dívida, e da eventual saída do euro, como se tal constituísse um desígnio estratégico. Do mesmo modo, é possível encontrar gente de todo o espectro partidário que compreende, ou pelo menos pressente, a enormidade que seria um tal caminho. A reestruturação da dívida grega foi mais uma má ideia da chanceler Merkel. Os gregos foram obrigados a engolir esse presente envenenado. Cada euro "perdoado" pelos credores custará dez euros à economia grega, quer na fuga de capitais, que continua como uma mortífera hemorragia, quer no afastamento dos mercados, que, se nada mudar na política europeia, ameaça eternizar-se. O problema sobra, contudo, para nós. A subida brutal dos nossos títulos de dívida no mercado secundário, assim como o coro de todos os analistas financeiros, incluindo o oráculo de Roubini, parecem condenar Portugal a seguir a dolorosa via dolorosa. Contra isso, que podemos fazer? Investir em todas as frentes, pela causa da sobrevivência europeia. O Governo, os partidos, as associações, os indivíduos devem pugnar junto dos seus congéneres europeus, e das instituições comunitárias, por uma solução federal, que inclua a mutualização da dívida. Há eleições, nos próximos meses, que podem trazer mudanças importantes em Paris e em Berlim. Quem não quiser regressar à pobreza do nacionalismo, deve erguer a sua voz agora. Reestruturar a dívida e sair do euro não seriam uma escolha, mas uma derrota.» [DN]
Autor:
Viriato Soromenho Marques.
Crise e momentos de limpeza
«Houve uma época em que António Borges era apontado como uma “esperança” para a liderança do PSD. Lembro-me de, há um ror de anos, Borges se ter “posicionado” num congresso estranhíssimo – integrando uma corrente que incluía Manuela Ferreira Leite – e ter subido à tribuna com um discurso de que ninguém hoje se lembra, após o qual saiu da sala sem ter impressionado quase ninguém. Depois disso, fez parte de uma direcção do PSD – precisamente a comissão política que tinha como presidente Manuela Ferreira Leite – e como dirigente não fez História. Pelo menos, não fez política, que se tenha dado por isso.
Regressado a Portugal depois de ter passado pelo FMI, António Borges foi “cooptado” pelo governo para tratar das privatizações, numa daquelas operações que alguém já chamou de “outsourcing” governamental – o resultado populista da decisão de Passos Coelho em formar um governo pequeno redundou na necessidade de criar vários ministros avulso que não respondem enquanto tal, não têm as responsabilidades nem as incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, e não estão sujeitos ao mesmo grau de escrutínio da oposição.
É isso que António Borges agora é, um outsourcing irresponsável que pode calmamente fazer parte da administração de uma das empresas mais poderosas do país – a Jerónimo Martins – sem que o chefe do governo e o ínclito Vítor Gaspar coloquem a mais pequena reticência.
O problema destas figuras como António Borges é uma sensação da mais acabada inimputabilidade que, apesar de tudo, nem o mais desastrado político consegue expor. Por exemplo, numa recente intervenção, António Borges impressionou-se com a queda dos salários e o “extraordinário consenso e harmonia social” que se vive, em plena crise, na sociedade portuguesa. “É impressionante a forma como os salários estão a cair, tal e qual como se houvesse uma desvalorização da moeda. Isto está a passar-se na economia com um extraordinário consenso e harmonia social”. Uma maravilha “inconcebível” na Grécia e “vamos ver se os espanhóis são capazes de fazer o mesmo que nós”. É evidente que do ponto de vista de Borges, com o seu outsourcing e lugar na administração da Jerónimo Martins, e etc., “as crises como a que atravessamos são difíceis” mas “também grandes oportunidades”. E, alto lá!, “as crises são momentos de limpeza”.
A única conclusão é que a crise e as privatizações estão a ser uma grande oportunidade para António Borges. Quanto aos “momentos de limpeza”, em crise a vergonha deveria impedir a utilização de algumas expressões esquisitas.» [i]
Regressado a Portugal depois de ter passado pelo FMI, António Borges foi “cooptado” pelo governo para tratar das privatizações, numa daquelas operações que alguém já chamou de “outsourcing” governamental – o resultado populista da decisão de Passos Coelho em formar um governo pequeno redundou na necessidade de criar vários ministros avulso que não respondem enquanto tal, não têm as responsabilidades nem as incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, e não estão sujeitos ao mesmo grau de escrutínio da oposição.
É isso que António Borges agora é, um outsourcing irresponsável que pode calmamente fazer parte da administração de uma das empresas mais poderosas do país – a Jerónimo Martins – sem que o chefe do governo e o ínclito Vítor Gaspar coloquem a mais pequena reticência.
O problema destas figuras como António Borges é uma sensação da mais acabada inimputabilidade que, apesar de tudo, nem o mais desastrado político consegue expor. Por exemplo, numa recente intervenção, António Borges impressionou-se com a queda dos salários e o “extraordinário consenso e harmonia social” que se vive, em plena crise, na sociedade portuguesa. “É impressionante a forma como os salários estão a cair, tal e qual como se houvesse uma desvalorização da moeda. Isto está a passar-se na economia com um extraordinário consenso e harmonia social”. Uma maravilha “inconcebível” na Grécia e “vamos ver se os espanhóis são capazes de fazer o mesmo que nós”. É evidente que do ponto de vista de Borges, com o seu outsourcing e lugar na administração da Jerónimo Martins, e etc., “as crises como a que atravessamos são difíceis” mas “também grandes oportunidades”. E, alto lá!, “as crises são momentos de limpeza”.
A única conclusão é que a crise e as privatizações estão a ser uma grande oportunidade para António Borges. Quanto aos “momentos de limpeza”, em crise a vergonha deveria impedir a utilização de algumas expressões esquisitas.» [i]
Autor:
Ana Sá Lopes.
Desestabilizadores automáticos
«Entre a guerrilha no Governo sobre quem manda nos fundos comunitários, a esclarecedora demissão do secretário de Estado da Energia e a pernoita de um comissário europeu que nos veio elogiar a capacidade de suportar a dor, terá faltado tempo às autoridades para explicarem o objectivo das recentes modificações ao subsídio de desemprego.
As alterações acordadas com a troika baixam a duração máxima do subsídio para ano e meio, cortam 10% à prestação após seis meses e baixam em 16% o valor máximo da prestação para 1.048 euros. É introduzida uma majoração para casais desempregados, mas só até final do ano, o que torna a facilitação do acesso à prestação pelos jovens a única efectiva boa noticia para os desempregados.
O objectivo do Governo é adaptar o subsídio "à realidade económica e financeira do país" e "incentivar a procura ativa de emprego por parte dos beneficiários", de resto na linha do que vem sendo defendido ao longo dos anos pela troika. Essa foi por exemplo uma das últimas recomendações do FMIpré-intervenção, em Dezembro de 2009. Defendia-se então que os desempregados precisam de ser mais pressionados a procurar emprego. Precisam? Talvez, é discutível.
Dizer hoje a um desempregado que vai perder o seu subsídio para o incentivar a procurar emprego, é como anunciar a alguém perdido num deserto que lhe vamos cortar a ração de água porque não está a procurar com afinco o oásis. Nós também não o vemos – mas a maioria de nós tem água.
Poder-se-á sempre argumentar que os desempregados também devem contribuir para o esforço nacional. Talvez. Mas vejamos o que nos dizem os números. No ano passado, a despendeu, em média, 2.979 euros por ano por cada desempregado, uma queda de 19% face ao ano anterior (e de 22% face a 2009). Há dez anos o valor médio era de 4.000 euros. Para esforço, não está mau.
Este cortes nas prestações sociais em plena crise são contrários aos próprios fundamentos do estado social europeu que, na construção financeira do Estado, introduziu sabiamente um papel de destaque para os estabilizadores automáticos: nas crises, os impostos pagos diminuem mais que proporcionalmente ao rendimento que se perde, e os subsídios são activados quando se experimenta pobreza ou desemprego.
Mas em Portugal, na actual crise, em vez de estabilizadores, estão a ser implementados desestabilizadores automáticos, que se afirmam em nome de um ajustamento abrupto dos défices externo e orçamental. Como se mundo acabasse amanhã. Além dos riscos sociais desta estratégia, é difícil aceitar que isto seja o melhor que a política económica tem para oferecer.
Perante isto, há um toque de ironia trágica nos elogios de Olli Rehn ao sofrimento nacional para os quais pediu emprestadas palavras a Fernando Pessoa: "há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer", disse. Resta saber se o comissário sabe que estas foram escritas "no fundo de uma depressão sem fundo", "num daqueles dias em que nunca tive futuro".» [Jornal de Negócios]
As alterações acordadas com a troika baixam a duração máxima do subsídio para ano e meio, cortam 10% à prestação após seis meses e baixam em 16% o valor máximo da prestação para 1.048 euros. É introduzida uma majoração para casais desempregados, mas só até final do ano, o que torna a facilitação do acesso à prestação pelos jovens a única efectiva boa noticia para os desempregados.
O objectivo do Governo é adaptar o subsídio "à realidade económica e financeira do país" e "incentivar a procura ativa de emprego por parte dos beneficiários", de resto na linha do que vem sendo defendido ao longo dos anos pela troika. Essa foi por exemplo uma das últimas recomendações do FMIpré-intervenção, em Dezembro de 2009. Defendia-se então que os desempregados precisam de ser mais pressionados a procurar emprego. Precisam? Talvez, é discutível.
Dizer hoje a um desempregado que vai perder o seu subsídio para o incentivar a procurar emprego, é como anunciar a alguém perdido num deserto que lhe vamos cortar a ração de água porque não está a procurar com afinco o oásis. Nós também não o vemos – mas a maioria de nós tem água.
Poder-se-á sempre argumentar que os desempregados também devem contribuir para o esforço nacional. Talvez. Mas vejamos o que nos dizem os números. No ano passado, a despendeu, em média, 2.979 euros por ano por cada desempregado, uma queda de 19% face ao ano anterior (e de 22% face a 2009). Há dez anos o valor médio era de 4.000 euros. Para esforço, não está mau.
Este cortes nas prestações sociais em plena crise são contrários aos próprios fundamentos do estado social europeu que, na construção financeira do Estado, introduziu sabiamente um papel de destaque para os estabilizadores automáticos: nas crises, os impostos pagos diminuem mais que proporcionalmente ao rendimento que se perde, e os subsídios são activados quando se experimenta pobreza ou desemprego.
Mas em Portugal, na actual crise, em vez de estabilizadores, estão a ser implementados desestabilizadores automáticos, que se afirmam em nome de um ajustamento abrupto dos défices externo e orçamental. Como se mundo acabasse amanhã. Além dos riscos sociais desta estratégia, é difícil aceitar que isto seja o melhor que a política económica tem para oferecer.
Perante isto, há um toque de ironia trágica nos elogios de Olli Rehn ao sofrimento nacional para os quais pediu emprestadas palavras a Fernando Pessoa: "há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer", disse. Resta saber se o comissário sabe que estas foram escritas "no fundo de uma depressão sem fundo", "num daqueles dias em que nunca tive futuro".» [Jornal de Negócios]
Autor:
Rui Peres Jorge.
Doentes faltam às consultas
«As dificuldades económicas e o receio de perder o emprego estão a levar os portugueses a faltarem às consultas e exames nos hospitais e centros de saúde. O problema sente-se mais desde o início do ano, altura em que aumentaram as taxas moderadoras, denunciaram ao CM várias fontes ligadas ao sector.» [CM]
Parecer:
Uma boa notícia para o Gaspar, poupa-se na saúde e, se os doentes morrerem, nas pensões.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao Gasparoika.»
Trás-os-Montes, aqui tão perto
«Uma idosa algarvia, de 85 anos, nem queria acreditar quando recebeu uma carta da Unidade Regional de Gestão de Inscritos para Cirurgia com a marcação de uma operação ginecológica no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, a mais de 600 quilómetros de casa.» [CM]
Parecer:
E porque não mandá-los para o Burundi?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a sugestão ao Opus ministro Macedo.»
Ministra da Justiça falou, jubilados não regressaram ao trabalho
«O Orçamento do Estado para 2012 previa uma norma que autorizava os jubilados a regressarem ao activo (desde que não houvesse aumento de despesa) para ajudarem o país, em concreto e Justiça, no momento de crise. Mas fonte do Conselho Superior da Magistratura (CSM) diz que até ao momento não houve qualquer pedido da parte dos magistrados já reformados. "Durante o ano de 2012 ainda não deu entrada nesta direcção de serviços qualquer pedido de regresso ao serviço por parte dos senhores juízes jubilados", esclarece fonte oficial do CSM, quando questionado sobre se o desafio da ministra da Justiça tinha surtido efeitos junto dos magistrados. A mesma fonte adianta, contudo, que ao abrigo da lei 26/2008, quatro juízes conselheiros (já jubilados) encontram-se a exercer funções. Mas estes juízes - cujo regresso é anterior ao desafio da ministra e, até, à assinatura do memorando da ‘troika' - estão a exercer no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), onde o problema dos processos parados não se coloca com a mesma gravidade que nos tribunais de 1ª instância (o apelo de Paula Teixeira da Cruz visava, sobretudo, estes).» [DE]
Parecer:
Esta rapariga tem uma tendência para o falhanço.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
FMI sugere mais justiça social à China
«Contudo, a líder disse que tal como as reformas financeiras, as autoridades precisam de aumentar os rendimentos das famílias e assegurar-se de que os benefícios do crescimento estavam a atingir mais pessoas, de acordo com a "BBC News".» [Jornal de Negócios]
Parecer:
Alguém imaginou ver o FMI dando lições sobre a defesa dos trabalhadores à China Comunista? Por este andar ainda o Jerónimo de Sousa convida a senhora Lagarde para participar num grandioso comício na Cova da Piedade.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a Jerónimo de Sousa e pergunte-se ao líder do PCP se vai convidar o FMI a integrar a Cidade Internacional em vez da guerrilha das FARC na próxima Festa do Avante.»