Por favor Passos Coelho, não partas, não remodeles o governo, não demitas o Gasparoika, não dispenses a Cristas, não mudes o Portas de pasta, mantém o Relvas onde está, se quiseres mudar então muda de casa, muda de mulher, muda de padrinho mas, por amor de Deus, não mudes o governo.
Todos sabemos que o Álvaro há muito que deixou de ser um super-ministro, tem a designação pomposa de ministro de uma data de coisas mas está transformado num ministro sem pasta, por este andar ainda vai ser conhecido pelo ministro do saco de super-mercado. Mas dispensar o Álvaro e devolvê-lo aos serviços de emigração do Canadá? Nem pensar, primeiro porque corremos um sério risco de não aceitarem a devolução, depois porque este país anda tão macambúzio que seria um erro perder um dos poucos motivos de humor. O Solnado já lá está, o Herman já deu o que tinha a dar, seria uma desgraça ficarmos sem o Álvaro.
E o que dizer de perder esse valor acrescentado chamado Gaspar? Os país não pode viver sem o seu gesticular de pessoa fina e inteligente, o seu humor requintado, o seu brilhantismo intelectual tão luminoso que quase dispensa os candelabros dos salões do ministério. Sabemos que as coisas estão difíceis, que um dia destes ainda vão dizer que no Terreiro do Paço o Passos tem o Gaspar e o D. José tem um cavalo porque este escolheu primeiro. Mas se perdermos o Gaspar far-se-á escuro neste país, isto fica tão cinzento que parece que temos o sol da meia noite.
Caro Passos, nem pense em mudar o Portas de pasta, apesar de o país já não ter dinheiro para tanta viagem ministerial vale a pena o sacrifício, depois de tanta austeridade, desemprego e miséria o pior que nos poderia acontecer era aturar aquele discurso balofo, aquela voz esganiçada. Governar desta forma é não gostar dos portugueses, em cima de tudo o que estamos a sofrer obrigarem-nos a ouvir o Portas todos os dias é odiar os portugueses.
E quem poderia passar sem a nossa Cristas? O primeiro-ministro não sabe nada, o Álvaro é uma anedota, do Portas só se aproveita aquela madeixa louraça, o Gaspar é uma desilusão, no meio de toda esta desgraça colectiva só nos resta rezar e ter uma ministra que reza é uma mais-valia, imagine-se o que seria este governo estar num barco e quando o naufrágio estava eminente concluía-se que nenhum dos tripulantes sabia rezar um pai nosso. Isto pode estar uma desgraça, a seca pode ser tão severa como o desemprego e o discurso do primeiro-ministro ser o fado do desgraçadinho, mas tudo se pode compor graças às rezas da Cristas. Se a senhora num dia disse ser crente e acreditar que iria chover e dois dias depois levei o maior banho da minha vida imagine-se o que de bom pode suceder ao país se a Cristas conseguir pôr o governo a rezar o terço.
A verdade é que até o Relvas faz falta, custa a admiti-lo mas é a mis pura das verdades, tão pura quanto virgem é o azeite Galo. Ainda houve a esperança de o Gaspar ser o herdeiro do homem de Santa Comba, mas falhou. À falta de bordoada fina, com o requinte de quem sabe melhor do que ninguém explicar os desvios colossais de Passos Coelho, teremos de nos conformar com um paquiderme, teremos bordoada mais grossa porque na hora dar o Relvas parece a cavalaria do Aníbal, o de Cartago proue para os lados de Boliqueime as cavalgaduras são burros. Com um ministro da Administração Interna desaparecido, com a secreta trespassada por adjudicação directa para a Ongoing, com o ministro da Defesa convencido de que a guerra se faz com espingardas de pressão de ar, resta o Relvas para manter a ordem na casa, sim, porque quem se mete com o governo leva, o Rosa Mendes que o diga.