quinta-feira, março 01, 2012

O cavalo da estátua do D. José também estudou econometria?

As nomeações de consultores, adjuntos, assessores, estudiosos, motoristas tem sido em tão grande número e feita ao através de tantos esquemas que é difícil de as acompanhar, pelo que neste momento não temos a certeza de que o cavalo do D. José ainda está no centro da Praça do Comércio ou se já tomou posse de assessor do ministro das Finanças, com direito a quatro mil euros mais subsídios, para fazer elaborar as previsões económicas do ministro. A verdade é que desde Setembro que as previsões divulgadas pelo ministro das Finanças até deixariam o ilustre cavalo envergonhado, este desculpar-se-ia dizendo que não deixou o D. José apeado e que as referidas previsões são obra do burro que está no Jardim da Estrela.

O Teixeira dos Santos ficou conhecido por não acertar uma na caixa, mas as suas previsões tinham as qualidades do comboio espanhol que chega sempre pontualmente com uma hora de atraso, as previsões do antecessor do Vítor Gaspar também falhavam sempre por uns pontos de optimismo, a gente dava o desconto e tínhamos uma imagem própria da realidade.

A incompetência de Vítor Gaspar é mais fina e com mais fundamentação científica do que a de Teixeira dos Santos, este aldrabava o número e como dizem os homens do esférico “prontsh!”. Com o Gaspar é tudo mais elaborado e cientificamente demonstrado, como se viu com a explicação que deu para o famoso desvio colossal. Gaspar é um príncipe da economia e só não se percebe porque razão a renova, que até vende rolos de papel higiénico com demonstrações matemática. Ainda não se inspirou nos papers económicos e nas previsões para lançar uma nova linha dos preciosos rolos de papel. Nunca conseguiriam substituir os preciosos livros de cowboys, mas teriam a virtude de ensinar economia ao mais comum dos cidadãos nos pequenos intervalinhos íntimos do dia a dia. Até poderiam lançar as Novas Oportunidades do Passos Coelho e daqui a uns tempos teríamos uma nova geração de economistas.

Vejamos o que o Gaspar disse:

"A viragem cíclica da economia será percebida com atraso. O desemprego continuará a subir e atingirá cerca de 14,5% em 2012"

Que coisa fina, como somos burros e ainda não tivemos a oportunidade de andar na escola da Renova o ministro explica-nos que a economia vai recuperar, mas como nós somos atrasadinhos só o vamos perceber muito depois dele, porque isto das coisas da economia e dos ciclos económicos é uma coisa só ao alcance do Gaspar, da Santinha da Ladeira e do cavalo do D. José. Graças ao Gaspar ficamos a perceber que o desemprego continuará a aumentar e por isso não teremos o discernimento nem a inteligência necessária para percebermos a inversão subtil do ciclo económico.

Não foi há dois anos que o Gaspar disse isto, dois há dois dias! Isto é, passados dois dias o Eurostat veio dizer o desemprego já tinha atingido os 14,8% em Janeiro, ou seja, mais 0,3% do que o previsto pelo Gaspar até ao final do ano! Sejamos honestos, nem o Teixeira dos Santos errava desta forma, nem nos vinha com a treta das viragens cíclicas invisíveis para portugueses burros, um erro desta grandeza até deixaria envergonhado o cavalo do D. José, de tanta vergonha por se sentir uma besta quadrada a ilustre cavalgadura do Terreiro do Paço até ficaria vermelha, apesar do verdete do bronze oxidado.

Agora resta esperar por uma intervenção do Miguel Relvas, o ministro que costuma aparecer quando o Gaspar mete água. Relvas vai descobrir que estamos cada vez mais longe da Grécia e próximos da brilhante Irlanda cuja taxa de desemprego acabámos de alcançar. A coisa está a corre bem, muito melhor do que o previsto.