sábado, março 17, 2012

Os roteiros esquecidos do cavaquismo


Se Cavaco Silva anda tão interessado em roteiros e prefácios vingativos não se deve limitar aos roteiros que ele inventou para em fim de vida política tentar rever a imagem a tempo de ficar na história. Homenagens como a que fez a Salgueiro Maia ou roteiros como o da exclusão ou os dedicados à juventude não passa de tentativas de branqueamento da imagem passada de Cavaco Silva feita com detergente orçamental pago pelos contribuintes portugueses.
 
Os verdadeiros roteiros da passagem de Cavaco Silva pelo poder não são esses ou apenas esses, há outros que convém recordar:
 
O roteiro do enriquecimento fácil:

É um roteiro muito interessante, até poderia ter um ponto de partida muito original, a Quinta da Coelha onde vivem alguns dos mais bem sucedidos homens de negócios do país, senão mesmo da Europa. Aliás, o Algarve está cheio desses símbolos do novo-riquismo promovido pela gestão corrupta dos fundos comunitários.

O roteiro da corrupção:

Poderia começar pela sede do BPN, logo ali ao lado Cavaco Silva poderia fazer uma visita simbólica ao seu velho amigo Duarte Lima, a residir no EPL. Poderia, então, seguir para a residência d um dos homens que com Duarte Lima e Dias Loureiro fez parte do trio maravilha do cavaquismo, o homem que no tempo de Cavaco Silva acumulou as responsabilidades pela arrecadação das receitas do Estado com a gestão dos dinheiros do PSD. O resultado foi brilhante, o Estado ficou teso, o PSD com sedes novas e o Costa podre de rico.

O roteiro da destruição da economia portuguesa:

Cavaco Silva poderia dedicar-se à arqueologia económica e visitar numerosos lugares onde havia uma animada actividade económica quando chegou a primeiro-ministro e que hoje são desertos. A agricultura que sacrificou  a troco de subsídios para a máquina laranja do latifúndio, as pecas que sacrificou sem contrapartidas, os estaleiros navais, enfim, um grande número de sectores que se afundaram nos tempos do grande primeiro-ministro.

O roteiro do desprezo pela condição social:

Este roteiro poderia ser iniciado no concelho de Setúbal que conheceu a fome e as bandeiras negras, de seguida Cavaco poderia visitar o Alentejo, que o seu governo condenou à pobreza porque não votava PSD. EM ano de seca Cavaco até poderia recordar um outro ano em que sem FMI ficou na memória colectiva como um ano de fome, o Alentejo estava seco, em Setúbal as empresas não pagavam salários, no Vale do Ave as empresas faliam, em todo o país as crianças desmaiavam nas escolas por terem fome.

O roteiro da mistura do Estado com o partido:

Cavaco não teria de fazer grandes deslocações, bastaria atravessar a rua e ir a essa obra do seu regime que é o CCB, agora normalizado com outro símbolo do cavaquismo à frente da sua gestão, um dos septuagenários maravilha deste país. Era no CCB que Cavaco promovia as grandes sessões de apresentação das centenas de novos militantes do PSD. Aí se apresentavam as novas aquisições, desde os muitos chefes dos serviços do Estado que tinham "aderido" ao partido, aos artistas de revista comprados com s dinheiros dos subsídios concedidos pelo secretário de Estado da Cultura, um tal Santana Lopes.

Se o que Cavaco quer é escrever prefácios para rever a história e branquear a sua imagem, não lhe faltam roteiros por documentar em livro. Não lhe faltarão oportunidades para referir comportamentos criminosos que ficarão na história da democracia portuguesa para referir nos seus prefácios.