domingo, março 11, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Rossio, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Aldeia de Monsanto [A. Cabral]
   
Jumento do dia


Cavaco Silva

Cavaco Silva decidiu trabalhar ao sábado para enviar para o Tribunal Constitucional o diploma do enriquecimento ilícito, precisamente um diploma aprovado por larga maioria parlamentar pois apenas teve os votos contra. Num dia enterra-se até ao pescoço, no outro usa os seus poderes para criar uma manobra de diversão que ajude os portugueses a distraírem-se e esquecerem os disparates cavaquistas.
 
«O Presidente da República, Cavaco Silva, requereu ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva da constitucionalidade do diploma que cria o crime de enriquecimento ilícito, foi hoje anunciado.
 
"O Presidente da República enviou hoje ao Tribunal Constitucional, para efeitos de fiscalização preventiva da constitucionalidade, o Decreto nº 37/XII da Assembleia da República", lê-se numa nota divulgada hoje no 'site' da Presidência da República.» [DN]

 UM RECADINHO AO MEU VELHO AMIGO PPM

O ex-grande repórter agora no CM tem razão, Sócrates comandou todas as respostas a Cavaco Silva. Aliás, na imagem do CM onde Sócrates aparece agarrado ao telemóvel o ex-primeiro-ministro estava precisamente a ditar o último post d'O Jumento. Só assim se compreende que tantos portugueses tenham vindo em defesa do criminoso que está foragido em Paris com receio da mão justiceira e informadora do PPM.
 
 Colaboração institucional é...

O Presidente dizer uma baboseira sempre que o governo enfrenta dificuldades.

 Gostos não se discutem

 
Que o prazer seja da senhora é um problema dela, mas só de pensar quase em partilhar prazeres com ela que ficamos impossibilitados de ter filhos. Foi uma bela escolha do cota, agora ficamos à espera do Fernando Lima, da Maria Cavaco Silva, do Duarte Lima, do Guilherme Silva, da Assunção Cristas e, quem sabe, do Álvaro, ainda que neste caso talvez a opção vá para um licor para acompanhar os pastéis de nata.
 
(imagem do CC)

 A dúvida angustiante do dia

Teremos de aturar este Cavaco Silva até ao fim do seu mandato?
   
 

 Álvaro a caminho do olho da OCDE

«Sem querer armar em defensora dos inábeis da semana, como Marcelo Rebelo de Sousa, a verdade é que a moda mudou para "tiro ao Álvaro". E por mais erros que o ministro da Economia venha cometendo, a culpa está longe de ser apenas sua. Primeiro facto que importa sublinhar: Santos Pereira, de entre essa quota sagrada em que parecem ter-se tornado os "independentes", foi uma primeira escolha de Passos Coelho, ao contrário, por exemplo, de Vítor Gaspar. Algumas gafes e muitas armadilhas depois, está agora a ser uma vítima clara da pouca experiência política e da muita ingenuidade pessoal, mas também de falta de apoio num megaministério que exigia que lhe tivessem sido disponibilizados mais e melhores números dois e até outros conselheiros. Mas, sobretudo, sofre da erosão causada por muitos críticos internos. Abandonado à sua sorte, depois dos méritos do acordo de concertação lhe terem sido retirados e de ter ficado sem as grandes pastas, Álvaro é apenas um capataz a cumprir ordens, num Governo que optou pelo excesso de finanças e por um défice de economia. Ontem, Passos Coelho parecia um presidente de clube antes de demitir o treinador e deu-lhe um voto de confiança. O primeiro-ministro já percebeu que ou assume o erro do megaministério e o divide em dois, ou arranja uma figura que aceite as tarefas atuais que o ministro ainda desempenha. Depois mandará Santos Pereira para o olho de uma OCDE qualquer...
 
As pontes de Ferreira do Amaral
 
O já chamado caso Lusoponte é, tão-só, uma enorme trapalhada do Ministério da Economia (outra vez). Uma trapalhada que deixa a nu várias fragilidades governativas e a suspeita de que haverá por aí muitos pagamentos duplicados e milhões perdidos que a qualquer momento se podem tornar trunfos para Francisco Louçã. Ficou claro que do que se tratou foi de uma decisão tomada sem estudo logo após o Governo tomar posse (e que até já estava prevista por José Sócrates), sob aperto da troika e da necessidade de ir buscar todos os tostões possíveis, desconhecendo os pormenores do contrato e fazendo fé num futuro acordo com a empresa. Mas como o ex-ministro das Obras Públicas de Cavaco Silva Ferreira do Amaral sabe bem como gerir negócios e crenças, o acordo ainda está por se fazer e a Lusoponte ganhou uma posição de força para negociar melhores compartidas. Ora esse, sim, é o problema que devia estar a ser debatido: o das contrapartidas de todas as parcerias público-privadas, as grandes sanguessugas do dinheiro do País. Estes 4,4 milhões são um grão de areia nos acordos entre a empresa e o Estado e uma nanopartícula de todos os contratos semelhantes desse monstro que são as PPP e que Passos tirou de cima dos ombros de Álvaro Santos Pereira para pôr às canelas de António Borges.
 
CDS passa pelos intervalos da chuva
 
Isto não é pacífico de se afirmar, mas Alberto João Jardim tem razão. Paulo Portas tem gerido a quota de envolvimento em assuntos quentes dos ministros CDS no Governo como vem gerindo o seu ministério: com muita diplomacia e bastante economia no que a polémicas diz respeito. Portas anda a somar créditos pelo mundo, mantendo controlo apertado ao que passa dentro das fronteiras. Começa a marcar terreno na guerra das autárquicas, avançando com nomes que põem em causa as coligações com o PSD em áreas fundamentais só para avisar que está bem vivo e deixando que Miguel Relvas se entretenha com o que começou por ser uma megarreforma dos municípios e está transformado na reforma dos pequeninos: uns cortes meramente quantitativos de freguesias, que não têm em conta muitas proximidades locais, pouco contam em poupanças e nada mudam de verdadeiramente significativo. De resto, não fosse Mota Soares ter decidido mudar de cilindradas e a seca vir atrapalhar Assunção Cristas, e podia dizer-se que o CDS governativo estava mesmo a passar pelos intervalos da chuva.
 
As inseguranças socialistas
 
Foi preciso a vingança baixa e o acerto de contas com tanto de inédito como de ataque soez de Cavaco Silva a José Sócrates (por mais verdadeiros que sejam os factos, há ações que só revelam quem as pratica), para António José Seguro ver o seu partido unido. E isso está longe de ser positivo. Por um lado, a guerra PS-Cavaco só beneficia o Governo, que pode respirar por uns dias das trapalhadas da semana. Por outro, Passos Coelho até ganha argumentos para os próximos ataques ao calcanhar de Aquiles do líder do PS: a incapacidade de lidar com o fantasma do seu antecessor. Seguro não consegue deixar de olhar para o retrovisor, vendo António Costa a desbravar terreno e permitindo cada vez mais buracos numa bancada parlamentar esfrangalhada. Por mais acusações de insensibilidade social que faça ao Governo, verá sempre Passos sorrir e lembrar-lhe como herdou a austeridade e o desemprego. Por isso Seguro tem rapidamente de ultrapassar as inseguranças e decidir se é capaz de defender o legado socrático para não ver os seus deputados a aplaudir os colegas do Bloco, como aconteceu esta semana, ou assumir de vez o corte radical com o ex-primeiro-ministro refugiado em Paris mas com muitos tentáculos em Lisboa. Só assim deixará Passos a falar sozinho.
 
Notas
 
- Numa altura em que vemos procuradores trocar investigações a banqueiros por lugares nesses bancos e quando estão por sair deduções de acusação em casos em que a banca é protagonista, não há dinheiro ou crédito que pague a credibilidade de um dos pilares da Justiça. Um congresso de magistrados patrocinado já levanta dúvidas, nem que fosse pelas salsichas Nobre. Quando o é por vários bancos...
 
- Blasfémia, cito Salazar: "As exceções geram a anarquia." Ora Vítor Gaspar abriu a época das exceções. Depois da TAP por argumentos X, veio a CGD por razões Y. O ministro das Finanças arrisca a que nem todo um alfabeto de motivos chegue para a lista de interessados que irão bater-lhe à porta. Eis como se compromete uma imagem credível.» [DN]

Autor:

Filomena Martins.
   

 Problemas com os Mansos

«Apesar de ter defendido a nomeação, referindo que Ricardo Manso é administrador de carreira, com mais de 30 anos de profissão, através de comunicado, a ex-deputada recuou na decisão e decidiu demitir o marido.
  
"Para assegurar todos os critérios de transparência que se exigem a uma instituição e a dirigentes de cargos públicos, a designação do administrador hospitalar Francisco Pires Manso como auditor interno da ULS Guarda foi hoje revertida, embora a sua designação tenha cumprido escrupulosamente os requisitos legais", explicou a responsável numa nota, a que o DN teve acesso.» [DN]

Parecer:

Mais um pouco e a senhora pensava que o hospital era uma empresa familiar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 O secretário de Estado incompetente vinga-se

«Na sequência do episódio sobre o pagamento das portagens à Lusoponte, o Governo quer demitir gestores da Estradas de Portugal, noticia o Expresso. A empresa pública não tem presidente há um ano e o principal vogal é do PS. Pelo menos três vogais da administração vão ser substituídos, escreve o jornal.» [DN]

Parecer:

O idiota do secretário de Estado untou as mãos da Lusoponte contra tudo e contra todos e os das Estradas de Portugal é que são demitidos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Demita-se o secretário de Estado e envie-se o processo para o MP a fim de averiguar se houve interesses do governante na "ajuda" financeira à Lusoponte.»
  
 Relvas protege incompetência

«O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, considerou hoje fundamental que a Estradas de Portugal, cujo orçamento apelida de "verdadeira ruína para o país", tenha estabilidade e competência na gestão de dinheiros públicos.
 
"É fundamental que a Estradas de Portugal tenha uma perspetiva de estabilidade e de competência na decisão e na gestão de dinheiros públicos", afirmou Miguel Relvas, no dia em que o Expresso noticiou em manchete que o Governo vai substituir os administradores da Estradas de Portugal e nomear um novo presidente.» [Expresso]

Parecer:

O secretário de Estado deu uma gorjeta absurda à custa dos contribuintes e as Estradas de Portugal é que levam? Miguel Relvas está a fazer passar uma mensagem inaceitável, quem denunciar a competência, abuso ou corrupção de um membro do governo sofre as consequências. EM vez de reprimir a incompetência o governo esconde-a perseguindo os honestos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Demita-se o secretário de Estado duvidoso.»
  
 Até o governo alemão?

«Portugal sucederá à Grécia nas preocupações com a crise das dívidas soberanas na Europa, refere hoje o jornal alemão Die Welt, citando fontes não identificadas do governo de Berlim a prever que será necessário um segundo resgate ainda este ano.
 
A restruturação da dívida grega, após o acordo alcançado com os credores privados, dá algum tempo à zona euro para respirar, mas no Outono o risco de bancarrota de países da moeda única em dificuldades financeiras, como a Grécia e Portugal, voltará a agudizar-se, prevê o diário conservador.» [i]

Parecer:

Pobre Passos Coelho, depois de ter forçado um pedido ao FMI recusa-se agora a aceitar o falhanço dos seus excessos mas é incapaz que impedir que a vingança lhe seja servida fria.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 O país profundo sai à rua a 31 de Março

«O presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), Armando Vieira, revelou hoje que a entidade está a preparar uma manifestação contra a proposta de reforma administrativa, a decorrer em Lisboa em 31 de Março.
 
No discurso de abertura de um encontro de eleitos locais de freguesia, que decorre esta tarde em Lisboa, Armando Vieira recordou que "decorre da vontade dos eleitos expressa no último congresso [da ANAFRE] a realização de mais uma manifestação".» [i]

Parecer:

O PSD avaliou mal as consequências do oportunismo de Relvas, que tentou enganar a troika com a extinção das juntas de freguesia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
 Só mesmo em Portugal

«As autoridades policiais estão a investigar uma situação "insólita" ocorrida numa igreja de Olhos de Água, concelho de Palmela, onde uma viatura funerária entregou uma urna, com um cadáver, para um velório que não chegou a realizar-se por ninguém ter ali aparecido.» [Jornal de Negócios]
     
 Revolta por causa do feriado do Dia de Todos os Santos

«O fim do feriado de 1 de novembro, admitido pela Igreja católica nas negociações com o Estado, está a revoltar aqueles que olham para o dia de Todos os Santos como o momento especial para honrar os falecidos
 
Nesse dia, os cemitérios estão arranjados pelas famílias, uma tradição relacionada com o Dia dos Fiéis Defuntos, a 2 de novembro, que parte do povo português ainda valoriza. Por isso, confrontados com a possibilidade do dia deixar de ser feriado, muitos dos crentes que estavam esta manhã em cemitérios rurais de Viana do Castelo manifestaram a sua revolta contra esse "erro crasso" e "heresia", com a bênção da hierarquia católica.» [JN]

Parecer:

Nem o a Igreja parecem ter percebido a importância deste dia para muitos católicos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
 A anedota do dia

«As manutenções de salários permitidas pelo Governo para os trabalhadores da TAP e da Caixa Geral de Depósitos não são exceções mas sim adaptações, considerou este sábado o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Adaptações, diz ele.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Ele ainda anda por aí...

«A direcção do semanário Expresso decidiu prescindir da colaboração do jornalista Mário Crespo como colunista daquele jornal, devido ao conteúdo do seu texto de opinião publicado na edição de hoje.
 
A notícia vem numa Nota de Direcção publicada na mesma página do texto de Mário Crespo, o qual critica como “deplorável” o procedimento do jornal em relação a uma resposta de Luís Marinho, director-geral da RTP, a um texto de Miguel Sousa Tavares onde era visado.
  
Crespo acusa Sousa Tavares de ter “vilipendiado” Marinho “por indemonstráveis acusações referentes a um episódio que, a ter acontecido, perdeu significado e contexto em oito anos de bizarro silêncio”. E, na sua opinião, o Expresso “não cumpriu o ‘Dever de Resposta’ a que Luís Marinho tinha direito”, que, “entre gente de bem, nunca poderá ser confundido com uma imposição jurídica. É uma obrigação editorial. Sem ela, um jornal de referência transforma-se num blogue de maledicências e arruaça”.
 
O Expresso considera que o jornalista da SIC Notícias comete “erros e falsidades” na acusação ao jornal, e publica uma extensa nota, com 18 pontos, assinada por todos os seus seis directores e que diz ter tido o apoio unânime do Conselho de Redacção do jornal. Nessa nota lê-se que, após a equipa directiva do jornal ter alertado o autor para esta situação, ele “decidiu manter o texto”. Por isso, a direcção do jornal “decidiu publicar a crónica, mas dar por finda a colaboração que mantinha” com o autor.» [Público]

Parecer:

Sente-se a mão de José Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao Crespo que se vá queixar a Cavaco Silva.»
    
 
 No "VAI E VEM"


«O Prefácio do Presidente é um texto útil para conhecer melhor o supremo magistrado da nação. É um escrito ressabiado como outros a que o presidente nos habituou, pobre, escrito sem elevação, sem uma ideia de esperança ou uma análise séria e profunda da situação do País.
  
É, no fundo, um texto auto-justificativo em que o Presidente usa o ataque como forma de defesa. Ele sabe que a história identificará o seu mandato como aquele em que o País mergulhou na crise mais grave da sua história e por isso antecipa um relato parcial e superficial da história recente. Com este Prefácio o Presidente torna-se um spin-doctor que tenta orientar a seu favor a interpretação da história de que foi e é um protagonista de mérito menor.
  
Não é por acaso que o Presidente deu o seu Prefácio, em primeira mão, ao jornal SOL (o único que o traz na capa). Podia tê-lo dado ao Correio da Manhã, já que algumas das afirmações nele contidas não destoam dos títulos tablóides que desde há semanas catapultam para a primeira página o ex-primeiro ministro. Leia-se esta frase: “[o governo] recorria frequentemente a uma linguagem de inusitada contundência no tratamento dos seus adversários, a que estes respondiam em tom muito duro, adensando um clima de conflitualidade e de crispação de que os Portugueses se iam apercebendo com preocupação”. (Quem, quando, onde,” inusitada” como) que “portugueses”?) A falta de rigor e a imprecisão das acusações percorrem o texto que se adivinha aqui e ali ter sido escrito como rascunho, resultante de colagens, sem ter sido corrigido na versão final.
  
Mas o Prefácio aí está, e o que interessa é perceber porque razão o Presidente quis fazer agora o ajuste de contas com um político ausente, hoje sem qualquer cargo partidário ou outro, e num momento em que o governo se debate com problemas internos de funcionamento, em que os indicadores económicos revelam o falhanço da estratégia da troika zelosamente aplicada pelo governo. Para desviar as atenções? Não creio porque o presidente não gosta deste governo como não gostava do anterior e não gostaria do próximo. Para ele e para os seus, só ele soube e saberia governar.
  
É demasiado deprimente pensar que o Presidente escreveu sozinho aquele Prefácio. Prefiro pensar que em Belém se pensa demasiado em conspirações e se coleccionam recortes de jornais e se escrevem textos para o Presidente converter em prefácios. Foi assim que nasceram as “escutas a Belém” e foi possivelmente assim que nasceu este Prefácio.
 
O Presidente precisa de encontrar rapidamente maneira de criar um outro “facto” político para fazer esquecer mais este episódio grotesco