Cavaco anda um pouco desastrado, fala dos seus rendimentos e é gozado por todo um país, agora fala de lealdade e lembram-lhe os seus exemplos de lealdade, desesperado por recuperar a imagem o Presidente comete erros sucessivos. Cavaco já só é formalmente o Presidente da República, tem os poderes presidenciais, exerce o cargo, faz roteiros inúteis, promulga diplomas, tem a sua boa imagem protegida pelo Código Penal, mas se nunca conseguiu ser o Presidente de todos os portugueses agora quase se confunde o estatuto de chefe do Estado com o de chefe de família, fora do seu círculo familiar são poucos os que o respeitam.
Um Presidente que faz política a pensar mais na sua imagem do que no pais quando este país atravessa uma crise gravíssima, com muitos portugueses a passar por grandes dificuldades e a serem atirados para a miséria é um pequeno político, o mesmo pequeno político que governou um país com a mentalidade de presidente de uma junta de freguesia, o mesmo Presidente que não hesitou em empurar o país para uma grave crise política só porque um primeiro-ministro não o tratou com a deferência a que julgava ter direito.
O país tem mais do que fazer do que aturar as lamúrias de um político que não sabe conviver com a sua própria pequenez, agora que já não há eleições a ganhar com aumentos de pensões de reformas e que o povo teve tempo para poder avaliar as consequências a longo prazo das políticas da sua responsabilidade enquanto primeiro-ministro.
Um Presidente que negou a crise internacional enquanto não derrubou um governo em plena crise, um Presidente que não hesitou em defender os especuladores para criticar o governo do seu país, um Presidente que permitiu que um seu braço direito inventasse mentiras contra um governo democrático não é um Presidente, é antes um presidente. Pode escrever os livros que quiser, pode fazer os roteiros que entender, pode homenagear capitães de Abril, pode fazer o que bem entender, a história está feita e será escrita pelos portugueses e não pelos assessores que lhe escrevem os livros e os discursos.
Aquele que um dia disse querer ajudar um grande Presidente a acabar o mandato com dignidade, arrasta-se agora até ao fim do mandato sem que ninguém para além dos familiares e mais íntimos o ajudem, tem os desprezo da esquerda e a indiferença da direita e aquele que sempre o humilhou tratando-o por senhor Silva foi agora um dos muitos dois ou três que vieram em sua defesa. Triste destino de um presidente que ainda a uns anos do fim do mandato recorre a momentos “correio da manhã” para ganhar protagonismo.
Pobre país que tem um presidente que em vez de procurar grandeza pelo desempenho no cargo tenta engrandecer-se à custa de quem está longe, remeteu-se ao silêncio e por ter valores melhores do que Cavaco Silva vai respeitá-lo enquanto instituição já que enquanto gente deixou de se dar ao respeito.
Já que não é possível ajudar o homem a acabar o mandato com dignidade, então que seja Cavaco a fazer por acabar o mandato sem prejudicar mais os portugueses. Se não o consegue e tem incontinência verbal então que renuncie ao cargo e poupe os portugueses ao espectáculo triste que lhes está a proporcionar.