segunda-feira, março 19, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento 


Gaio no Jardim Gulbenkian, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Espelho [A. Cabral]
    

Jumento do dia


Miguel Relvas

Que o ministro Relvas vê na emigração dos jovens uma forma de enxotar o desemprego é uma coisa, que se queixe que a sua geração não beneficiava de tal oportunidade é outra e não é bem verdade. Acontece qu o Relvas não teria em Nova Iorque a oportunidade de ser administrador de um banco, algo que conseguiu ser numa off shore de Cabo Verde. A diferença não está nem na preparação nem na globalização, está no oportunismo de uns que dá cabo do futuro da geração dos outros.

«Dizer que o Governo apela à emigração é “insensato”: “O que dizemos é que um jovem tem de aproveitar as oportunidades que tem. E se houver portugueses que têm oportunidade de trabalhar lá fora devem fazê-lo”.
  
“Um jovem português bem preparado está [tão] preparado para vencer em Maputo como em Lisboa ou Nova Iorque. É uma questão de oportunidade. Os jovens hoje têm uma mobilidade e uma visão que na minha geração não havia”, disse Relvas em entrevista ao P3.

É por isso que o ministro dos Assuntos Parlamentares fala da necessidade de Portugal “encontrar novos mercados”. “Estaríamos pior se não tivéssemos a forte implantação no mercado angolano, brasileiro e americanos”, disse, para justificar a ideia de o país ter de encontrar alternativas à Europa: “Dos oito mercados [europeus] para os quais Portugal exporta, seis estão em recessão”.» [Público]

O malandro do Sócrates

O Monteiro queria acabar com os lucros abusivos da EDP, o Mexia não gostou e pediu a cabeça do governante, o Passos Coelho fez a vontade ao patrão do Catroga. Até aqui tudo normal, é assim que a corrupção funciona em Portugal, os contribuintes pagam e os empresários mandam no governo.
  
O mais divertido é que foram poucos os comentadores da direita que não aceitando as benesses do PSD acusaram Passos Coelho de ter cedido aos interesses da EDP, nem sequer questionaram em troca do quê. Descobriram que a culpa é do Sócrates.  
  
Ok, o Catroga, o Teixeira Pinto e a Celeste Cardona já reservaram viagem e hotel para irem a Paris agradecer ao Sócrates o tacho que receberam na EDP.

Um país generoso

António Borges está habituado a ganhar muito, o país é pequeno demais para ele pelo que se o quer por cá deve adoptar o sistema um país duas honestidade. Para uns basta a miséria do costume, para o Borges levantam-se todos os critérios mais exigentes para que possa ganhar mais do que os outros acumulando o que em condições normais não seria cumulável.
 
 

Coelho da Cartola

«Imagino o leitor comum do JN. Desorientado. Ouve falar que um secretário de Estado se demitiu/foi demitido porque queria baixar a conta da energia. Passos diz que não. "Era o que faltava". O ministro Álvaro enche o peito e mostra força no pico da sua vulnerabilidade - agora é que vai ser, preparem-se...
  
Inopinadamente (fazendo jus ao seu habitual e desastrado timing) Luís Filipe Menezes aparece a dizer que o secretário de Estado tinha um problema de estilo e portanto, rua. Sim, Henrique Gomes tinha, pelos vistos, o estilo de achar que António Mexia manda de mais.
  
Kaput, ficou sem cabeça.
  
Dizia o presidente da EDP há dias, relativamente à conta dos encargos com a produção energética: "Estamos dispostos a ajudar no faseamento (da conta) desde que não coloquem em risco a nossa posição financeira". É como se os pensionistas ou funcionários públicos tivessem dito: "Não nos importamos que nos cortem os subsídios de férias e Natal este ano desde que os recebamos ao longo dos próximos três". Mexia zela pelos acionistas. Gaspar só zelou pela receita da privatização, querendo que o porco parecesse o mais gordo possível. Passos "demite-se" do jogo. O ex-secretário de Estado da Energia preferiu dizer sempre, bem alto, que havia 600 milhões para cortar na fatura energética. Disse-o antes da privatização. Disse-o depois. E demitiu-se. Aparentemente Vítor Gaspar preferiu maximizar o encaixe chinês em vez de cortar nas "rendas eternas" a pagar à EDP, Iberdrola, Endesa, etc.. Se é assim, o ministro das Finanças só está a olhar pela sua carreira enquanto zelote do défice, deixando a conta da luz como mais um imposto em cima dos portugueses. E disto Mexia não tem culpa - foi a escolha do Governo. De Gaspar. Passos assinou de cruz. Henrique Gomes provavelmente nem sequer chegou ao passo seguinte para demonstrar que não fazer 10 novas barragens nos pouparia 15 mil milhões de euros e evitaria uma renda durante mais de 60 anos, bastando para tal aumentar a produção das que já existem. Mas há mais: fixe esta palavra - "cogeração". Era uma boa ideia. As fábricas vendiam à rede a energia que geravam - a preço mais elevado, claro. Resultado? Uma empresa compra energia, a preço normal, para a sua produção mas vende 100% da energia que gera no processo de fabrico, a tal "cogeração", a preço subsidiado. Nem um acerto de contas energético isto supõe... Pior: há hoje empresas que já 'faliram' no negócio base mas continuam a vender 100% de energia de "cogeração" queimando combustíveis para alimentar 'fábricas de energia subsidiada'. Esperemos que o ex-líder do PSD, Marques Mendes, novo oráculo da política portuguesa e ele próprio presidente de uma empresa ligada ao negócio da cogeração e renováveis, esclareça na TVI, com a sagacidade habitual, como se fazem estes grandes negócios...

Na verdade só a troika levou a sério o escândalo na energia. Até agora os protestos de especialistas têm sido música para os ouvidos de Mexia & Governos. Aliás, a EDP continua a dar-nos 'música'. É já no sábado que no Marquês de Pombal, em Lisboa, se vai ouvir a "Sagração da Primavera", de Stravinsky, o concerto sinfónico que a EDP 'oferece' (excelente palavra) aos portugueses. Que belo. Pena não transmitirem breves momentos, em direto, a partir da foz do Tua, uma outra sinfonia: a dinamite a explodir, de forma sincopada, a montanha e a História, para nos dar uma milionária e desnecessária barragem. O marketing empresarial é muitas vezes a propaganda mais fascista que existe.
  
P.S.: O advogado e professor Mário Melo Rocha, que há dias nos deixou, era uma daquelas pessoas de quem se guarda uma memória de elegância no trato e um enorme sentido do humor. Fui seu aluno de Ciência Política na Católica, do Porto, e as aulas de segunda-feira, com cachecol do FCP ao pescoço e exemplos constitucionais recheados de apartes futebolísticos, eram delirantes. A sua especialização pioneira em Ambiente garantiu-lhe certamente um lugar verde no Céu, mas com vistas para a Foz, claro.» [JN]

Autor:

Daniel Deusdado.
    

O sôr Alvaro não se cala

«O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, defendeu hoje, em Coimbra, que "não pode haver crescimento económico com dívidas demasiado elevadas" e que quem pensa o contrário "não percebe de economia".» [DN]

Parecer:

Quanto mais demitido está menos se cala.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»