domingo, março 11, 2012

Semanada

Nesta semana o país reparou que não estão à venda apenas as empresas públicas constantes no memorando da troika, neste país tudo parece estar à venda. Desde logo soube-se que o corajoso Álvaro recuou na sua ameaça de se demitir e a comunicação rapidamente soube o preço do ministro, um tacho na OCDE para o modesto professor de Vancouver. Soube-se igualmente que o secretário de Estado dos Transportes anda a concorrer em generosidade social com o Lambretas, contra o parecer das Estradas de Portugal vendeu a credibilidade do seu governo por uma gorjeta de quatro milhões. Mais barato está Cavaco Silva que tentou recuperar a sua honra que tem estado no prego a troco de um golpe baixo a José Sócrates. Neste pobre país impedido de ir aos mercados transformou-se num imensa Feira da Ladra, ou como a moda é Angola num imenso Roque Santeiro onde tudo se compra e tudo se vende, como sucede ano Elefante Branco tudo tem o seu preço.
 
A reacção do governo à denuncia da gorjeta concedida por um secretário de Estado do Álvaro foi muito original, primeiro tentou ludibriar os portugueses e quando todos perceberam a verdade em vez de questionar a competência e honestidade de um secretário de Estado que abusivamente concedeu a gorjeta desata a questionar os que no cumprimento do seu dever tinham recusado dar a gorjeta. Ficamos a saber que quem tem de responder não é o incompetente, são os que cumpriram com a sua obrigação de defender os interesses do país. Agora são demitidos para que no seu lugar o tal secretário de Estado coloque amigos que não se oponham às suas gorjetas.
 
Quem não consegue escapar aos cortes de vencimento que levante o braço! Este pode ser o lema do Vítor Gaspar, quase todos os dias se fica a saber de mais uma entidade que se escapa à austeridade comprovando que as medidas do Gaspar não são para todos. Quem deve estar a dar voltas na tumba é Oliveira Salazar, quando se esperava que tinha um pupilo nas Finanças percebe-se que lhe falta a coerência, é ideologia a mais e princípios a menos.
 
Gaspar não levantou os cortes aos magistrados do Ministério Público mas isso não impediu que realizassem um congresso de luxo num hotel de cinco estrelas no Algarve, o dinheiro foi tanto que deu para dar borlas aos jornalistas e proporcionar um fim de semana em beleza aos acompanhantes. Mas não foi o Gaspar que deu o dinheiro e muito menos o generoso secretário de Estado dos Transportes. O dinheiro veio da banca sob a forma de gorjetas dadas a troco de patrocínios. Agora resta que quando a banca for a julgamento haja algum magistrado não sindicalizado para representar os interesses da República.
 
Velho, cansado, sem grande prestígio e com os portugueses a ignorá-lo o Presidente da República quase nõ tem forma de ajudar o governo do seu partido, um governo que foi eleito com a sua preciosa ajuda, num tempo em que o país ainda tinha respeito por Belém. Sem alternativas Cavaco sacrifica-se a si próprio, cada vez que o governo está em dificuldades inventa um disparate para distrair os portugueses, já tinha sucedido com as suas dificuldades financeiras, volta a suceder com um ataque sem classe ao ex-primeiro-ministro José Sócrates. Por este andar o ministro Lambretas ainda conclui que o Palácio de Belém está a ser mal utilizado, da mesma forma que alterou a lei para que os velhos possam ser empilhados nos lares, ainda vai propor a alteração da Constituição, com um palácio tão grande é possível empilhar uma meia dúzia de velhos presidentes.