quarta-feira, março 21, 2012

Cristas, orai antes por nós


O que o Gaspar tentou foi um verdadeiro milagre, só mesmo com a ajuda da santinha da ladeira conseguiria reduzir a despesa pública, designadamente, as despesas sociais, ao mesmo tempo que conseguia aumentar as receitas fiscais, cortar nos vencimentos da Função Pública, forçar a redução salarial no sector privado e evitar uma espiral de recessão e o aumento exponencial do desemprego.
  
Os resultados estão à vista, o desemprego atinge níveis nunca vistos, a receita fiscal desce abruptamente e a despesa continua a aumentar. O Gaspar bem se pode gabar do ajustamento na balança comercial mas a verdade é que esse suposto ajustamento é conjuntural e resulta da recessão brutal que impôs à economia.
  
Como não poderia haver esse grande ajustamento nas trocas comerciais se com a austeridade brutal o país até se transformou num exportador de ouro em bruto? Aliás, o país não está a exportar apenas sapatos e agora o ouro das poupanças, exporta os seus jovens, os seus melões professores e aos poucos exporta também a esperança. O milagre económico que o Gaspar continua a tentar vender não passa de um purgatório que tende a transformar-se num inferno.
De nada serve ao Gaspar tentar iludir a realidade, 2012 será bem pior do que tem admitido e 2013 será ainda pior. Às medidas de austeridade adoptadas em 2012, como os cortes salariais e o aumento dos impostos, somar-se-ão em 2013 outras medidas de grande impacto como é a actualização do valor do parque habitacional com o consequente aumento dos impostos sobre o património e as consequências práticas do aumento das rendas. Além disso, com uma espiral recessiva em 2012 nenhum investidor no seu pleno juízo investirá em Portugal, mesmo que o decida fazer nunca o investimento será em volume suficiente para compensar a brutalidade das medidas de austeridade. 2013 não será o ano de viragem prometido pelo Gaspar, será pior que 2012.
  
Talvez seja o momento de sugerir à ministra da Assunção Cristas que se deixe de rezas e de danças da chuva, que gaste as suas energias cristãs com a economia porque desta vez parece que a avó Prazeres valeu de pouco ao Gaspar . O governo decidiu impor uma seca severa à economia portuguesa, votando a criação de emprego ao desprezo, considerando inúteis os portugueses e as empresas que não trabalhem em sectores exportadores, para que não existam dúvidas quanto ao desprezo pela economia interna até transformou o ministro da economia num ministro da mobilidade, da mobilidade porque agora o trabalho do homem é andar de um lado para o outro a dizer asneiras.