sexta-feira, março 02, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Campo das Cebolas, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Palmela [A. Cabral]
    
Jumento do dia


Gaspar, (até ver) ministro das Finanças

O nosso Gaspar já conseguiu alcançar uma das metas mais desejadas pro este governo, apanhar a Irlanda. O problema é que não foi bem apanhar, foi mais uma pega de cernelha, apanhou a Irlanda no desemprego. O que fazer de um ministro que há dois dias teorizava sobre a previsão de uma taxa de desemprego de 13,5% e hoje se ficou a saber que em Janeiro essa taxa já ia nos 14,8%? Devolvê-lo novamente à Universidade Católica para fazer revisões de econometria não faz muito sentido pois burro velho não aprende línguas. Sugere-se o seu envio para sacristão da santinha da Ladeira, talvez tenha mais sucesso como devoto da santinha do que como economista. Em alternativa, se a capela fica fora de mão pode muito bem substituir o cavalo do D. José.

«Portugal alcançou a Irlanda com a terceira taxa de desemprego mais elevada da União Europeia ao registar uma subida para os 14,8 por cento em janeiro deste ano, mais duas décimas que em dezembro de 2011, segundo dados do Eurostat publicados hoje.» [DN]

 Afinal era montagem

    
 

 Os Pritzker-Krugman

«1 O dr. Mexia, da EDP, é um judoca mediático de alto recorte. Se a UNESCO tem dúvidas sobre o impacto da barragem na paisagem do Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial da Humanidade, a solução passa por fazer das fraquezas, forças: em vez de um mostrengo de betão, a EDP passa a fazer obras de arte nas barragens. Até dá para sonhar: venha a Portugal ver o roteiro das barragens assinadas pelos "nóbeis" da arquitetura (os Pritzkers)! Arte patrocinada pela empresa que controla o essencial do consumo elétrico nacional e cujo preço do tarifário nos faz interrogar se, com mais estes inquestionáveis e milionários Pritzkers a caminho, não estamos já a ser avisados que o preço por barragem subirá e, a reboque, o preço a cobrar pela energia. Coisa que na sede da empresa, na Marquês do Pombal, talvez não seja muito relevante. O importante é boa imprensa. Os Pritzkers! Inquestionável...
  
2. Os autarcas do Douro (e os outros), entretanto, ficarão na história como os senhores que recebem a moeda à porta e veem os convidados entrar para o banquete. Os Pritzkers! Que bom que é ter, por agora, algumas pessoas a trabalhar nas pedras das margens dos rios. Quantas sandes e noites em pensões locais, a isto chamado desenvolvimento... Claro que, depois de prontas, tudo funciona remotamente, sem ninguém, desde a mais longínqua barragem até ao centro de operações, algures, três pessoas por turno, o interior - que longe, empregos?, pois sim... Ah, e o desastre natural na qualidade da água nas albufeiras não é agora para aqui chamado. O mito do turismo de qualidade em barragens... É hora de festejos: os PRITZKERS! E entretanto, o Douro fica sem os rios Sabor, o Tua, o comboio do Tua e tem em risco o Património Mundial.
 
3. Desculpem a interrupção. Educadamente insisto: precisamos de novas barragens? Os especialistas que se opõem têm dito repetidamente o mesmo: era mais barato, e com menor impacto para o ambiente, ampliar a produção das que já existem. Joanaz de Melo, professor da Universidade Nova de Lisboa, voltou a sublinhá-lo no "Expresso" de sábado: "O Programa Nacional de Barragens é uma fraude - um favorecimento das grandes empresas de eletricidade, da construção e da banca à custa dos consumidores/contribuintes e do tecido económico". Em termos concretos: "As nove grandes barragens propostas, com uma potência de 2,5 GW e uma produtibilidade 1700 GWh/ano seriam usadas apenas 680/h ano (8% do tempo). Isto representa um acréscimo de 48% da potência hidroelétrica instalada (parece muito), mas apenas 19% da produção hídrica, 3% da procura de eletricidade e uns míseros 0,5% da energia primária do país". Matar nove rios é igual a gastarmos individualmente menos 3% energia.
 
4. Nunca me surpreendeu que os ambientalistas ficassem sós no tema. Se os partidos do sistema (PSD, PS, CDS) têm tios interessados na coisa, a coisa anda. Mas é preciso acrescentar à lista dos coniventes o PCP, cujo forte núcleo da EDP leva o partido a fazer a despesa através da deputada dos Verdes sem que o partido se meta no assunto. E assim se gera uma conta energética para o país, insustentável por muitos anos, que até a troika e o Governo já notaram, mas a que vai ser difícil fazer frente.
 
5. O país paga os Pritzkers... e o Krugman. Quem não gosta de ler o Prémio Nobel de Economia a anunciar, do outro lado do Atlântico, semanalmente, que se a Europa continuar por esta via de austeridade, o euro acaba? Nós, os que sofremos a austeridade e não gostamos dela, estamos com o Krugman... Mas há um problema: para quem fala o Krugman? Com a sua vinda a Portugal desfiz as minhas dúvidas: o Nobel fala para os europeus (alemães) e não para europeus (portugueses). A receita de 'menos austeridade' não se aplica cá. Ele até sugeriu um corte nos salários de 20% e achou o país difícil de explicar. Que terramoto! Peço então um favor a todos os que gostam de ler o Krugman: não tirem conclusões em Português. Leiam--no apenas em Alemão. » [Jornal de Notícias]

Autor:

Daniel Deusdado.
  
 Dias de servidão

«A tese do aluno bem comportado, o que papagueia a "sebenta" do professor e vai até mais longe do que ele exige, esteve em voga nos governos de Cavaco e deu no que hoje se sabe.
  
O Governo PSD/CDS adoptou idêntica estratégia de submissão acrítica. Foi humilhante ver os olhos luzentes de alegria com que Vítor Gaspar deu conta ao país que os capatazes dos mercados que, por intermédio da actual maioria, nos governam, lhe deram nota positiva (um 10 interrogado mas, de qualquer maneira, uma nota positiva). E, quando Olli Rehn, depois de umas carícias ("Lindos meninos..."), anunciou ainda mais "desafios" e "sacrifícios", Gaspar há-de decerto ter murmurado: "Venham eles!".
  
Diogo Feio, eurodeputado do CDS, é um bom intérprete dessa estratégia. Ao "Público" diz que "Portugal é bem visto por ter uma maioria de governo sólida" e uma situação social "pacificada". O único problema, parece, é haver (ainda) direito à greve: "Nós somos observados ao mais pequeno pormenor e cada greve que é feita mancha a imagem de Portugal".
  
Não mancham "a imagem de Portugal" o empobrecimento generalizado que em tempos o primeiro-ministro anunciou como objectivo político do Governo, o desastre social, os afrontosos números do desemprego, mas o facto de os trabalhadores serem mal comportados e lutarem pelos seus direitos. A sra Merkel deve ter gostado de ouvir, afinal sempre há portugueses "mais alemães do que os alemães".» [Jornal de Negócios]

Autor:

Manuel António Pina.
     
     
 primeiro-ministro grego renuncia ao vencimento

«O Primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, revelou esta quinta-feira que renunciou ao seu salário, desde a sua nomeação em Novembro, num contexto de grave crise económica e financeira.» [CM]

Parecer:

Uma boa ideia para o nosso Coelho, até porque o tio Ângelo certamente estaria disponível para o patrocinar com o apoio da empresa do lixo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Passos Coelho.»
  
 O CDS quer saber quanto ganham na RTP
 
«O CDS-PP pediu hoje informações ao Governo sobre quantos trabalhadores ou colaboradores da RTP têm um vencimento superior ao do Presidente da República, admitindo que pode ser preciso "repensar a estratégia de remunerações" no serviço público de televisão.
 
"O objetivo é conhecer a dimensão dessa realidade, no fundo saber se existe alguma realidade na RTP que nos faça ou que nos obrigue a olhar para ela no sentido de verificar-se se se justifica no âmbito do serviço público de televisão repensar a estratégia de remunerações", afirmou à agência Lusa o deputado centrista Adolfo Mesquita Nunes.» [DN]

Parecer:

Por este ão querer saber quanto ganham os motoristas dos membros do governo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Reza Cristas, reza!

«O Instituto de Meteorologia prevê chuva para hoje e sexta-feira, mas admite que os aguaceiros não serão suficientes para minimizar os efeitos da seca que se regista em Portugal, disse à Lusa uma meteorologista.» [DN]

Parecer:

A ministra disse ser crente e acreditar que iria chover e caíram umas pingas. Conclusão: Deus ouviu a ministra mas esta rezou pouco.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se à ministra que intensifique as orações e o fervor com que reza.»
  
 Uma ideia para a Cristas

«O município de Rasquera, Tarragona, tomou a decisão de arrendar terrenos à Asociación Barcelonesa Cannábica de Autoconsumo (ABCDA) para plantar cannabis. A autarquia prevê a criação de 40 postos de trabalho e receber cerca de 1,4 milhões de euros em dois anos. » [DN]

Parecer:

Não mata a fome, mas ajuda a esquecer a política deste governo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a sugestão.»
  
 Um Álvaro com sentido da história

«Os números sobre o desemprego em Portugal, hoje divulgados pelo Eurostat, são "muito preocupantes", e fazem parte de uma "tendência crescente" que começou há uma década, disse hoje o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.
   
"Já referi várias vezes que os números do desemprego são muito preocupantes. Tem havido uma tendência de crescimento nos últimos dez anos. É preciso relembrar que a crise não começou em 2008, nos últimos dez anos tivemos uma tendência crescente de desemprego e de emigração, e por isso é que é fundamental levar a cabo as reformas estruturais" que o Governo propõe, disse Santos Pereira numa conferência de imprensa após a reunião do conselho de ministros.» [DN]

Parecer:

Depois de descobrir que a crise é internacional o Álvaro descobre agora que resulta de uma tendência história.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Álvaro porquê só dez anos.»
  
 Hospital de Faro faz guerra à Roche

«O Hospital de Faro tentou comprar medicamentos à Roche há uma semana e a encomenda veio devolvida, mesmo antes de a farmacêutica comunicar a metade dos hospitais do SNS que têm dívidas superiores a 500 dias, que teriam de passar a pagar a pronto. A informação chegaria por faxe na sexta-feira à noite, mas só foi vista segunda, dia em que a nova política comercial foi anunciada. O Hospital de Faro voltou a fazer a encomenda, depois de decidir que daqui para a frente só comprará à Roche medicamentos para os quais não haja alternativa. Ontem ao final do dia a encomenda continuava pendente, porque a Roche ainda não tinha enviado a factura pró-forma.
 
“Não só a nova política comercial entrou em vigor antes do tempo como a farmacêutica não estava preparada para emitir facturas pró-forma”, disse ao i o novo presidente do conselho de administração do Hospital de Faro, Pedro Nunes. “Propuseram que fizéssemos a transferência mediante outro documento e depois enviavam a factura definitiva.”
  
Além de restringir as compras, o Hospital de Faro proibiu a entrada de delegados comerciais da empresa na unidade e não irá autorizar a participação dos seus profissionais em congressos patrocinados pela farmacêutica. Comunicou ainda ao Infarmed o “ilícito” na encomenda, de 190 mil euros.» [i]

Parecer:

Faz sentido boicotar a Roche mas se a posição for de todos os hospitais e médicos, a Roche nada tem a ganhar nem em Portugal nem com a publicidade negativa que um boicote nacional representaria para a sua imagem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver o resultado.»
  
 Não seria melhor avaliar os imóveis por sorteio

«Meio milhão de edificações não rurais têm de ser avaliadas até ao fim do ano por imposição do memorando da troika. Um número significativo desses prédios que têm de ser reavaliados até ao final de 2012 para fins de actualização do imposto municipal sobre imóveis (IMI) nunca tiveram qualquer valor atribuído pelas Finanças. Ou seja, não existe qualquer tipo de informação em sistema, o que obriga os peritos encarregues desta tarefa a uma pesquisa exaustiva para encontrar elementos que lhes permitam determinar o valor das casas.
  
Esta é uma das principais dificuldades com que se defrontam os 900 engenheiros e arquitectos externos à Autoridade Tributária Aduaneira, ex-Direcção Geral das Contribuições e Impostos. Estes técnicos foram contratados para que Portugal consiga satisfazer a exigência da troika no prazo acordado.
  
A somar a esta tarefa ciclópica, os avaliadores ficaram a saber no final do mês passado que não vão receber sequer 2 euros pela análise de cada fracção. Há casos, como o de uma propriedade horizontal com cem fracções, em que o pagamento da avaliação de cada uma para efeitos de IMI é paga pela Autoridade Tributária a 86 cêntimos. » [i]

Parecer:

As remunerações são ridículas e ofensivas.
 
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao DG quanto ganha.»
  
 Compreende-se o apoio do Alberto a Passos Coelho

«As dívidas comerciais da Região Autónoma da Madeira estão estimadas em dois mil milhões de euros, revelou ao PÚBLICO o secretário do Plano e Finanças, Ventura Garcês. A dívida global da região deve assim ultrapassar a barreira dos 8000 milhões.» [Público]

Parecer:

Mais um desvio colossal para os cubanos pagarem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Passos Coelho se prometeu ao Alberto perdoar-lhe a dívida.»
  
 A coisa está a complicar-se

«Os militares da GNR que hoje participam no "passeio contra as injustiças" derrubaram as barreiras de proteção montadas na Praça do Comércio, em Lisboa, conseguindo assim chegar à porta do Ministério da Administração Interna (MAI).

Gritando "invasão, invasão", os militares derrubaram a barreira enquanto uma delegação da Associação dos Profissionais da Guarda (APG) e da Associação Nacional de Sargentos da Guarda (ANSG) entregava um documento reivindicativo.» [DN]

Parecer:

Quando são as forças da ordem a invadir o ministério...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro qual a marca das fraldas que usa.»
  
 Cavaco está assustado

«Questionado sobre os números divulgados hoje pelo Eurostat, que apontam para uma taxa de desemprego em Portugal de 14,8 por cento em janeiro, o chefe de Estado defendeu a união dos portugueses para conseguir "que a realidade seja melhor do que as previsões".
  
"Algumas previsões que foram apresentadas assustam qualquer pessoa e, para isso, nós temos que melhorar a competitividade do país para exportar mais e temos que ganhar a confiança de empresários portugueses, estrangeiros, empresários da diáspora para que eles possam investir mais no país, principalmente produzindo bens que podem ser exportados", afirmou, em declarações aos jornalistas à saída da sessão de encerramento I Congresso Mundial de Empresários das Comunidades Portuguesas e Lusofonia, que decorreu num hotel de Lisboa.» [DN]

Parecer:

Cavaco enganado, os do governo não pareceram assustados e até deverão estar contentes pois o processo de empobrecimento rápido e forçado está a ter um grande sucesso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco se não sente um pontinha de saudades de José Sócrates.»