sexta-feira, março 23, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento 


  
Coruche
Imagens dos visitantes d'O Jumento


São Simão [A. Cabral]
  
A mentira do dia d'O Jumento: O sonho começa aqui...
 
 
Jumento do dia


Luís Marques Guedes


O secretário de Estado da Presidência do Conselho diz que "acredita que a maioria dos portugueses reconhece que a greve não ajuda a resolver os problemas do país", o que evidencia dois problemas, tem do direito à greve uma opinião com tiques corporativos e está convencido de que enquanto governante está apto a dizer o que os portugueses pensam.
 
É uma pena, com tantos anos de parlamento o secretário de Estado tinha a obrigação de ter uma formação democrática mais sólida não poluindo os objectivos do direito á greve e do exercício desse direito com valores corporativos. Os trabalhadores não fazem greve para defender o país, ainda por cima quando temos um governo que enriquece os mais poderosos à custa dos mais pobres. Fazem greve para defender os seus interesses quando estes são desprezados pelo poder, como é o caso.

Seguindo o raciocínio deste governante antes de fazerem uma greve os trabalhadores deveriam consultar o governo sobre se o momento era o mais adequado ou se estariam a defender os interesses do país. Por outras palavras, os trabalhadores nunca poderiam fazer greve.
 
É uma pena que o secretário de Estado esteja tão empenhado na manipulação da opinião que não se apercebe que um secretário de Estado do tempo de  Salazar diria exactamente o mesmo.
 
«"O entendimento do Governo é que esta greve, convocada pela CGTP, nas actuais circunstâncias do país, pouco resolverá em relação aos problemas do país. Pelo contrário, não ajudará a resolver os problemas do país. A sensação que temos é que a esmagadora maioria dos portugueses tem exactamente essa noção também", defendeu hoje o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, na habitual conferência de imprensa após a reunião semanal do Executivo.» [DE]

 Aceitam-se apostas

Com a Grécia devidamente "arrumada" chegou a vez de ser Portugal a vítima da especulação. Numa única página da edição electrónica do Jornal de Negócios:
  • Swiss Re: Kurt Karl, economista-chefe da Swiss Re, prevê que Portugal seja o próximo país a entrar em "default", mas diz que isso não paralisará o sector segurador.
  • UniCredit: O Unicredit acredita que Portugal não vai seguir as mesmas pegadas da Grécia e vai evitar uma reestruturação da dívida, ainda que possa precisar de mais dinheiro.
  • S&P: Um dos principais analistas da agência de "rating", Moritz Kraemer, disse em Frankfurt que "a capacidade de aplicar reformas em Portugal é muito melhor do que na Grécia, pelo que há boas hipóteses" de superar a crise sem reestruturar a dívida.
  • Citigroup: “Acreditamos que a crise da dívida ainda não terminou, e as tensões nos mercados financeiros deverão voltar a acelerar a determinada altura”, escreve o banco de investimento. “O ajustamento orçamental grave em alguns países da Zona Euro deverá levar a recessões [económicas] profundas e, com as receitas fiscais a ficarem abaixo do esperado, impossibilitar que os países regressem à sustentabilidade orçamental”. 

    Na nota de investimento, publicada ontem, o Citi acredita que o “rating” de Portugal (S&P) deverá cair dois níveis até ao final do ano, dos actuais “BB” para “B+”.
      
    “Portugal e a Irlanda deverão ambos necessitar de um segundo pacote de resgate e, para Portugal (e talvez também a Irlanda) isso deverá incluir um envolvimento dos privados significativo”.
     
  • Isto porque “prevemos que a economia portuguesa sofra uma recessão profunda nos próximos dois anos, sobretudo causada pelo enorme ajustamento orçamental necessário para cumprir” os objectivos de redução do défice.»
    
 Testemunhos para memória futura
 
  


 Partido ou uma espécie de camorra?

«O Partido Social Democrata (PSD) aceitou a filiação de militantes falsos em 2009, validados pela secção i, um dos antigos núcleos da distrital de Lisboa. Um grupo de estudantes do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) denuncia o caso à SÁBADO através de depoimentos gravados em vídeo. Os cartões falsos eram depois usados por outras pessoas, que não eram militantes do PSD, nas eleições internas do partido. Nas directas de Março de 2010, o beneficiado com o esquema foi Pedro Passos Coelho, que ganhou a eleição por larga margem contra Paulo Rangel e José Pedro Aguiar-Branco. O processo está a ser apreciado pelo Conselho de Jurisdição da JSD e há uma queixa na polícia.» [Sábado]

Parecer:

Assim se chega a primeiro-ministro deste pobre país.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Siga-se a sugestão do relvas emigre-se, de preferência fuja-se deste país.»
  



 
 Propaganda
 
No mesmo dia em que se divulgaram os resultados da execução orçamental o primeiro-ministro apressou-se a tranquilizar os potugueses, que está tudo bem e lá para Maio já teremos o resultado das brilhantes medidas do Gaspar. Dir-se-ia que Passos Coelho tinha os argumentos na ponta da língua, desta vez não apanhado de surpresa como sucedeu com a gorjeta dada à Lusoponte pelo seu generoso secretário de Estado da Energia.
 
Mas parece que o Gaspar não está assim tão seguro dos resultados da sua política e nesse mesmo dia alguém soprou para a comunicação social que o fisco ia "atacar" os pequenos comerciantes. Cheira que tresanda a manobra intimidatória, sinal de que os responsáveis sabem muito bem que vão ver o aumento das receitas do IVA por um canudo. Quiseram ser gulosos e tiveram mais olhos do que barriga, o aumento das taxas do IVA provocaram mais recessão do que receitas fiscais e a somar à queda da receita do IVA vão juntar uma redução das receitas do IRC e do IRS.
 
Começa a ser evidente que o Gaspar não sabe o que anda a fazer e em vez de uma redução do défice vai conseguir que este aumente, ao mesmo tempo que destruiu emprego e riqueza.